AGRO E CLIMA

Calor extremo e escassez hídrica ameaçam início de plantio da Safra de Verão 2024/25

Foto Jonathan Campos / AEN
Foto Jonathan Campos / AEN

Setembro da o ar da graça com temperaturas elevadas, realidade bem diferente da verificada há 10 dias, em Cascavel e região Oeste, atingida por temperaturas baixas, inclusive com registro de geadas. Uma nova onda de calor promete uma sensação térmica digna do deserto já a partir desta segunda-feira (2). As informações são compiladas da Climatempo.

A massa de ar seco atribuída a esse calor intenso já é uma característica do começo de setembro. O ponto a ressaltar é que a alta dos termômetros tem sido uma realidade cada vez mais comum nos últimos anos. Diante dos mais recentes prognósticos, as temperaturas elevadas devem se estender até o começo da segunda quinzena de setembro.

A reta final do inverno será marcada por um calor elevado, um cenário atípico. A primeira frente fria de setembro deve ocorrer apenas no dia 19 de setembro. Enquanto isso, seremos obrigados a conviver com calor extremo. Conforme informações apuradas com a Climatempo, a onda de calor já presente em algumas regiões do Brasil tende a ser ainda mais severa se comparada às duas primeiras do início de 2024.

Impacto no campo

Direto dos Estados Unidos, o engenheiro agrônomo, Airton Cittolin, respondeu à reportagem do O Paraná sobre os impactos que essa onda de calor pode provocar na agricultura. “Não deve afetar tanto o trigo, até porque restou pouco por conta das perdas provocadas pelas geadas dias atrás”, disse.

Entretanto, ele chama a atenção para o risco iminente de atraso de plantio da soja, do milho e do feijão, as culturas da Safra de Verão. “O plantio depende muito de umidade. Se o calor persistir por muito tempo, pode comprometer o período de semeadura, gerando o atraso”.

Quem também falou com a equipe de reportagem do Jornal O Paraná, foi o agrometeorologista Reginaldo Ferreira dos Santos. Segundo ele, aos poucos o mundo se depara com os efeitos provocados pelo aquecimento global. “Claro que muitos ainda têm dificuldade para aceitar, mas hoje é cada vez mais comum os prejuízos que esse desequilíbrio climático causa em todo o planeta”.

Na ótica do agrometeorologista, é possível verificar que os extremos de temperatura e precipitações são variáveis, trazendo grandes consequências para a humanidade, tanto aos que vivem na cidade como no campo.

As ondas de calor são situações que ocorreram de forma incomum ao longo dos últimos 100 anos. Em 1900, por exemplo, uma onda de calor era registrada a cada 5 anos. Nos últimos 20 a 30 anos, ocorria a cada 2, 3 anos. Somente no ano passado, foram registradas nove ondas de calor. “E a tendência é quebrar esse recorde em 2024”. A onda de calor é quando a temperatura ultrapassa a normalidade daquele período.

Calor estressante

Este cenário acaba por trazer um estresse para as plantas no campo e também para os animais da pecuária. Quando as temperaturas se elevam, a umidade relativa do ar cai, causando problemas respiratórios tanto para os humanos como para os animais.

No caso das plantas, as temperaturas elevadas provocam o abortamento com muita facilidade. “Daqui para frente vamos ter prejuízos significativo em lavouras, gerando redução na produção. O calor faz a planta gastar muita energia para compensar a escassez hídrica, comprometendo a formação”, explica Reginaldo dos Santos.

Outro ponto importante ressaltado pelo profissional: com as noites quentes, as plantas respiram muito e boa parte dos nutrientes absorvidos durante o dia, é gasta a noite, fazendo com que a planta passe a ter pouco carboidrato para aumentar a produção, segundo explica o agrometeorologista. Nesse ano, além das perdas atribuídas às geadas, agora o calor pode elevar ainda mais as quebras, comenta.