Agronegócio

Avicultura 2020: Mercolab destaca bom momento para o setor

Referências em suas áreas de atuação, especialistas presentes no evento asseguram que em curto espaço de tempo o Brasil vai se tornar o maior produtor avícola do mundo e, por consequência, vai se manter como o maior exportador da proteína.

Em evento do Mercolab, especialistas afirmaram que Brasil é referência sanitária em avicultura- Foto: Aílton Santos
Em evento do Mercolab, especialistas afirmaram que Brasil é referência sanitária em avicultura- Foto: Aílton Santos

Reportagem: Juliet Manfrin 

Cascavel – Responsável por um terço da produção brasileira de aves e pela metade da carne de frango brasileira que vai para a China, conforme levantamento que acaba de ser divulgado pela Secretaria de Comércio Exterior, o Paraná é uma potência mundial quando o assunto é avicultura.

Não por acaso, além das questões e das soluções sanitárias avícolas, o 13º evento Mercolab de Avicultura realizado nessa terça-feira (24) em Cascavel também teve um pé no mercado, interno e externo.

Referências em suas áreas de atuação, especialistas presentes no evento asseguram que em curto espaço de tempo o Brasil vai se tornar o maior produtor avícola do mundo e, por consequência, vai se manter como o maior exportador da proteína.

Quanto aos seus plantéis, hoje o Brasil tem a segunda posição mundial, com 13,3 milhões de toneladas, atrás apenas dos Estados Unidos, com cerca de 19 milhões de toneladas da carne. O Brasil deixou para trás há pouco tempo a China, que agora figura como a terceira nessa lista.

Para o professor doutor Sérgio Vieira, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, além da eficiência na produção, o Paraná desponta ainda com modelos mais apropriados e inovadores para o segmento – alavancado pelo oeste -, com aprimoramento constante do setor. “Além de sermos o maior fornecedor do produto no mundo, a avicultura transforma as economias de onde ela está inserida. É o caso da região oeste do Paraná. Não se pode comparar a arrecadação e o PIB de um município como o de Palotina, de Cafelândia, de Medianeira com um município do mesmo tamanho que não tenha plantas industriais de referência”, sugere.

Normas sanitárias

Ciente de que as barreiras sanitárias impostas por diversos países trazem reflexos na balança comercial brasileira, o especialista é enfático ao destacar que “o Brasil está no topo do ranking mundial de cumprimento de normas sanitárias e está completamente preparado para atender todos os mercados, como a União Europeia, que possui uma característica sagaz de exigência”. E garante: “Podemos atender a qualquer mercado e por isso acredito que o próximo ano será ainda melhor do que este para as exportações”.

Cenário global não pode ser perdido de vista

E se 2020 promete ser ainda mais promissor, vale lembrar que a expectativa é para que seja mais uma vez um ano recorde dessa pauta na balança comercial, isso porque em 2019 essa condição recordista já é alcançada pelo Paraná e pelo oeste, onde estão as principais plantas industriais do setor e, consequentemente, as principais concentrações aviárias.

Mas o coordenador do evento, Alberto Back, chama atenção para algo que não se deve perder de vista. Em uma economia globalizada, com ameaças por todo o planeta de recuo ou estagnação do crescimento, não são descartados reflexos na economia brasileira da guerra comercial entre Estados Unidos e China.

Há ainda a vigilância constante sobre o risco de problemas sanitários que podem aparecer no meio do caminho por uma inconformidade ou outra. “De todo modo, as projeções mostram que devemos manter o crescimento, seguirmos avançando porque este é um setor estável, com mercado garantido. A exceção fica ao acaso de uma dessas questões interferirem às negociações”, reforçou.

Preocupações

Quanto aos possíveis problemas sanitários, hoje o Brasil não convive com nenhum deles considerados graves na avicultura, como é o caso da gripe aviária, por exemplo.

Já a salmonela promete ser uma pedra no sapato ainda longe de ser tirada.

A boa notícia é que a presença dela, considerando milhares de seus subtipos, não tem se manifestado nas formas mais severas ou nocivas ao ser humano, graças aos modelos de produção e abate aprimorados, além da evolução genética. “Não vejo que a salmonela será eliminada em curto espaço de tempo no Brasil, mas hoje, das que são encontradas, em níveis baixos, são aceitas pelos mercados porque não oferecem risco à saúde humana”, completou.

Principal desafio

Para o moderador Paulo Cesar Martins, o que se evidenciou mais uma vez durante o evento é que a tarefa de casa vem sendo feita e com excelência, mas questionado como o mundo enxerga os meios produtivos no Brasil, ele avalia que o principal desafio em 2020 será a conscientização dos consumidores pelo mundo afora sobre a excelência produtiva e de sanidade que o País possui. “O trabalho precisará ser focado mais intensamente na conscientização dos consumidores e não dos governos. Os governos não querem ouvir. Somos referência nas questões sanitárias e de abate e de produção, tanto para o mercado interno quanto externo, onde se tem à mesa os melhores alimentos do mundo que são produzidos pelo Brasil”.

A avicultura em números

Somente no primeiro semestre deste ano, o Paraná produziu 919,4 milhões de aves. O volume representa o melhor semestre de abates já registrados pelo setor no Estado. O número é 2,4% superior ao segundo semestre de 2017 – antiga melhor marca do segmento -, quando 897,7 milhões de frangos foram produzidos, e 5,3% maior que o mesmo período do ano passado, quando o volume chegou a 872,6 milhões de cabeças. Somente em junho, foram enviadas 155,7 mil toneladas da proteína ao mercado internacional, ante 99,4 mil toneladas no mesmo mês de 2018, resultando em um acréscimo de 56%.

Os principais filões foram os mercados mexicano e chinês, que passaram a comprar mais. Assim, o Paraná foi responsável por 39% dos embarques nacionais do segmento durante os primeiros seis meses de 2019.

A quantidade resultou em uma receita de US$ 1.231.176.069, montante 15,15% superior ao mesmo período do ano passado (US$ 1,065 bilhão).