
Cascavel - Ledo engano quem pensa que invasores que se dizem indígenas é uma realidade vivida somente em áreas ocupadas há mais de um ano nos municípios de Terra Roxa e Guaíra, no Oeste do Paraná. Nos últimos dias, conflitos armados têm provocado terror no estado da Bahia e no Espírito Santo, envolvendo a polícia e invasores que afirmam ter descendência indígena.
De acordo com o presidente da FPA (Frente Parlamentar da Agropecuária), deputado federal Pedro Lupion, os atos cometidos contra os produtores rurais daqueles estados não se restringem apenas ao MST (Movimento dos Sem-Terra). “Há grupos armados infiltrados, uma grilagem forte. Bandos armados que expulsam os proprietários das terras”, comenta. “Se trata de um problema sério e precisamos de uma intervenção urgente antes que se transforme em uma guerra campal”, acrescentou Lupion.
Operação Pacificar
Na quinta-feira (20), as polícias militar e civil da Bahia deflagraram a operação Pacificar, em Prado, no extremo Sul daquele estado. O objetivo principal foi desarticular grupos armados, infiltrados no conflito entre invasores e produtores rurais. Foram cumpridos 12 mandados de busca e apreensão. Ao todo, dez pessoas já haviam sido presas até o fim da tarde de quinta-feira.
Por meio de nota encaminhada à imprensa, as autoridades de segurança afirmaram que a operação investiga grupos de “supostos indígenas” que justificam a ação como retomada de terras ancestrais, o mesmo que ocorre nos municípios do Oeste paranaense. Sob os grupos, pesa a acusação de roubos a móveis e veículos e de saques a produções agrícolas.
O presidente da Agronex (Associação do Agronegócio do Extremo Sul da Bahia), Mateus Bonfim, alerta para o impacto das invasões na região. Segundo ele, mais de 81 propriedades foram invadidas desde 2022, resultando na perda de cerca de mil postos de trabalho e um prejuízo estimado em mais de R$ 500 milhões.
Segundo Bonfim, a motivação das invasões não está apenas na reivindicação territorial, mas também no interesse econômico. Ele também destaca que as terras invadidas são estrategicamente escolhidas pelo seu valor econômico. “Sempre são áreas produtivas, que valem muito dinheiro. O objetivo é financeiro. Uma propriedade invadida no dia 1º de janeiro, por exemplo, tem previsão de colher cerca de 4 mil sacas de café, mas segue sob posse dos invasores. O prejuízo é incalculável para o proprietário e para toda a cadeia produtiva”, alerta Bonfim.
Marco temporal
Bonfim defende a aprovação do Marco Temporal e a modernização das leis sobre terras indígenas. “Hoje, os indígenas vivem sob tutela da Funai e não podem explorar economicamente suas terras. Isso os leva à marginalidade e a atuar de forma ilegal. A indefinição sobre o Marco Temporal abriu brechas para essas invasões, que usam o discurso de reivindicação territorial, mas têm claro objetivo econômico”, explica.