Cotidiano

?Um duelo entre expectativa e realidade?, por Flávia Barbosa

RIO ? O governo interino de Michel Temer completa 30 dias virando positivamente a chave das expectativas dos agentes econômicos. Sua ascensão afastou temporariamente o ?risco-catástrofe? que mercado e empresários associam às políticas do PT, e a excelência técnica dos nomes e as medidas apresentadas resgataram a credibilidade da equipe econômica.

Foi proposto um plano que restabelece um horizonte de equilíbrio para as contas públicas: teto para o aumento dos gastos e reforma da Previdência com idade mínima.

O Congresso aprovou a nova meta fiscal e a DRU e deu aval relâmpago à indicação de Ilan Goldfajn para o Banco Central. Um robusto programa de concessões está a caminho, e promete-se menos estatismo, animando investidores.

Cresce a confiança num futuro melhor, mas a travessia permanece nebulosa. O plano de resgate da economia ainda é uma carta de intenções, a ser negociada em cenário político volátil, no qual o futuro dos personagens, Temer incluído, é uma incógnita. E as principais medidas significam uma revisão da Constituição, mexendo em gastos de Saúde, Educação e aposentadoria, impondo escolhas sensíveis à sociedade e demandando uma ainda não testada base parlamentar.

O governo recebeu por ora um voto de confiança. Mas ainda resta saber quem sairá vencedor do duelo entre expectativa e realidade.

*Editora de Economia