Cotidiano

EUA e Rússia acusam um ao outro de ajudar jihadistas em Aleppo

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WASHINGTON/MOSCOU/BEIRUTE – Enquanto o agravamento da crise humanitária em Aleppo coincide com o aumento dos combates na cidade síria sitiada, EUA e a Rússia não chegam a um acordo para retomar um cessar-fogo e agora acusam um ao outro de favorecer a entrada de terroristas no meio da luta. Mais cedo, a Rússia decidiu enviar mais aviões de guerra à Síria e o chanceler Sergei Lavrov acusou Washington de proteger a Frente al-Nusra, movimento ligado à al-Qaeda que tem se unido a outros grupos rebeldes para combater o regime de Bashar al-Assad. Os EUA reagiram e afirmaram que o apoio militar da Rússia ao governo sírio tem fomentado uma união entre rebeldes e jihadistas.

A luta piorou uma semana depois do início de uma nova ofensiva do governo contra o último bastião urbano em mãos de rebeldes. Segundo a ONG Observatório Sírio para os Direitos Humanos, pelo menos 15 pessoas, entre elas duas crianças, morreram nesta sexta-feira nos bombardeios contra Hellok e outros bairros em mãos de opositores. ALEPPO

Em uma conversa telefônica com o secretário de Estado americano, John Kerry, Lavrov criticou o que considerou uma incapacidade de Washington de separar grupos rebeldes moderados daqueles que os russos chamam de terroristas, que “permitiram que forças lideradas pela facção antes conhecida como Frente al-Nusra violassem a trégua” mediada por Moscou e Washington.

? Washington não é capaz ou não tem a intenção de pedir à oposição armada moderada que se distancie do grupo extremista ? sentenciou Lavrov em entrevista à BBC.

A ligação ocorreu um dia depois de Kerry dizer que não faz sentido realizar negociações adicionais com a Rússia a respeito da Síria “no contexto do tipo de bombardeio que está acontecendo”. Ainda segundo o Ministério das Relações Exteriores, a diplomacia russa está “disposta a analisar mais formas de normalizar a situação em Aleppo”.

Porta-voz do Departamento de Estado americano, Mark Toner chamou de “absurdas” as alegações russas.

? Com a destruição do comboio humanitário (do Crescente Vermelho, há uma semana) e o cerco a Aleppo, há um cenário no qual as forças moderadas de oposição estão sob pressão ainda maior do regime, sendo levadas à direção da al-Nusra, tendo que lutar lado a lado ? lamentou. ? A luta tem uma escalada e torna ainda mais confusa uma situação já difícil.

Ele ainda afirmou que as negociações estão muito perto de se romper.

? Está com respirador artificial, mas ainda não morreu ? disse a jornalistas que lhe perguntavam se Kerry acreditava que valia à pena manter aberto o canal diplomático enquanto os russos bombardeavam Aleppo. ? É horroroso, uma clara violação aos padrões e normas internacionais, normas humanitárias e do direito internacional.

Países ocidentais acusam a Rússia de crimes de guerra, dizendo que os russos têm alvejado deliberadamente civis, hospitais e remessas humanitárias nos últimos dias para dobrar a vontade das 250 mil pessoas vivendo sob estado de sítio dentro do setor de Aleppo dominado pelos rebeldes.

Centenas de pessoas foram mortas nos bombardeios, e muitas centenas mais ficaram feridas, tendo pouco acesso a tratamentos em hospitais que por sua vez carecem de suprimentos básicos.MIDEAST-CRISIS_SYRIA-ALEPPO-GR12UF20D.1.jpg