PROTEÍNA ANIMAL

Custo da carne bovina fez brasileiro migrar para suína

Foto: CNA
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Em 2025, o Paraná consolidou sua posição como um dos principais produtores de carne suína do Brasil, com um notável crescimento tanto no número de abates quanto na quantidade de carne produzida.

Em entrevista concedida à equipe de reportagem do Jornal O Paraná, o diretor-executivo da Frimesa, Elias Zydek, credita o aumento do abate ao resultado direto do “aumento da produtividade, das matrizes instaladas, e ao aumento da quantidade de leitões desmamados por leitoa/ano”. Embora o acréscimo de leitões seja pequeno, seu impacto é significativo no número total de suínos terminados, resultando em mais animais prontos para o abate.

Outro fator determinante para o aumento dos abates no estado foi a redução das vendas de suínos vivos para outras regiões. Historicamente, o Paraná destinava parte de seus suínos terminados para estados como São Paulo, Minas Gerais e Santa Catarina. Em 2025, essa prática diminuiu consideravelmente, mantendo um maior número de animais dentro do próprio estado para processamento. Zydek confirma essa tendência, afirmando que “esse ano houve redução [das vendas], e por consequência o aumento dos abates no Estado”.

Além do maior número de animais abatidos, a quantidade de carne produzida também cresceu devido a um aumento no peso médio dos suínos pago ao produtor. Os animais abatidos em 2025 apresentaram uma carcaça com peso médio um quilo maior em relação ao ano anterior. Esse ganho de peso, embora pareça modesto, tem um impacto considerável na oferta total de carne suína no mercado brasileiro.

Novos hábitos

Nos últimos três anos, o consumo de carne suína no Brasil teve um aumento expressivo, com um acréscimo de cerca de um quilo por habitante/ano. Diversos fatores contribuem para essa mudança no paladar do consumidor. O principal deles é o alto custo da carne bovina, que teve seu preço elevado devido à forte demanda por exportação. Esse cenário fez com que muitos consumidores buscassem alternativas mais acessíveis, encontrando na carne suína uma excelente opção de proteína animal.

A baixa elasticidade do consumo de carne de frango também influenciou a migração para a carne suína. A carne de frango já é a mais consumida no Brasil, o que limita sua margem de crescimento. Como resultado, a carne suína se beneficia ao ocupar esse espaço de expansão.

Varejo

Adicionalmente, as melhorias no varejo impulsionaram o consumo. Os cortes de carne suína agora são apresentados de forma mais atraente e conveniente para o consumidor, com variedade de tamanhos, pesos e cortes adequados. A disponibilidade de produtos temperados e com embalagens que facilitam a praticidade também contribui para o aumento das vendas. Zydek enfatiza que a melhoria na apresentação e na praticidade é um dos fatores que “induzindo a um consumo maior”.

Perspectivas para 2026

O aumento do consumo também reflete uma mudança na percepção do público. O antigo preconceito contra a carne suína, associado a métodos de criação pouco convencionais e saudáveis, está diminuindo. Atualmente, os sistemas de produção são altamente controlados, garantindo a qualidade e a segurança do produto para o consumidor. A carne suína moderna é reconhecida como uma proteína animal de alta qualidade, com baixo teor de gordura e sabor agradável. Zydek comenta essa mudança de paradigma, afirmando que “hoje ela é segura, não tem problemas que antigamente tinha, quando se criava os animais o céu aberto”.

Com base nessa trajetória de crescimento, as estimativas são otimistas para o futuro. As projeções indicam que, no máximo até 2026, o Brasil deve atingir a marca de 20 quilos de carne suína per capita por ano. Esse número demonstra a crescente aceitação e a consolidação da carne suína como um alimento fundamental na dieta do brasileiro. O contínuo aprimoramento da produtividade, a maior oferta interna e a valorização do produto final no varejo são os pilares que sustentam essa previsão, indicando um futuro promissor para o setor no País.

Pecuária em ascensão no Paraná

No abate de suínos, o Paraná registrou um aumento de 60,09 mil cabeças em relação ao 1º trimestre, atingindo um novo recorde de 3,25 milhões de unidades, o maior volume para três meses da série histórica. Com esse desempenho, o Estado manteve-se na vice-liderança nacional, sendo responsável por 21,7% da produção brasileira, atrás apenas de Santa Catarina, que responde por 28%.

Já consolidado como maior produtor nacional de frangos, o Paraná respondeu por 558,6 milhões de unidades abatidas no 2º trimestre deste ano. O volume equivale a 34,1% de toda a produção do País no período. Os estados vizinhos de Santa Catarina (13,7%) e Rio Grande do Sul (11,4%) completam o pódio, o que reforça o peso da região Sul neste segmento.