HOJE EXPRESS

“INVASÃO DOS ELÉTRICOS” Bikes, patinetes e ciclomotores em todos os cantos de Cascavel

Descubra a evolução dos veículos elétricos em Cascavel, desde patinetes até ciclomotores, e seus impactos nas ruas - Foto: Paulo Alexandre/Paraná
Descubra a evolução dos veículos elétricos em Cascavel, desde patinetes até ciclomotores, e seus impactos nas ruas - Foto: Paulo Alexandre/Paraná

Cascavel e Paraná - Quem diria que o futuro dos Jetsons, aquele desenho animado do Hanna-Barbera, chegaria tão rápido? Na época em que a gente assistia ao desenho, videochamada, carro elétrico e robô doméstico pareciam invenções para daqui a séculos. Pois bem: hoje ligamos a câmera no celular para falar com a tia, carregamos o carro na tomada e só falta mesmo a empregada-robô fazer companhia na sala, porque a limpeza eles (robôs) já fazem.

Foto: Paulo Alexandre/Paraná

Entre as novidades que mais chamam atenção estão os “elétricos” de duas rodas: patinetes, ciclomotores e bikes que passaram das ciclovias para ruas e até calçadas, disputando espaço com carros, pedestres e, claro, os desavisados olhando o celular. Estão em toda parte e, mesmo sem placa ou números oficiais, já é fácil perceber que a frota destes elétricos já cresceu — junto com os acidentes. Alguns “pilotos” usam capacete, outros apostam na sorte, como se fossem protagonistas de videogame.

A pandemia deu um empurrão nesse movimento. Fugir do busão lotado e economizar no combustível foi a combinação perfeita para popularizar os elétricos. Práticos, silenciosos e econômicos, eles viraram alternativa real ao carro e à moto.

E se na década de 80 o famoso “ET” voava de bicicleta no cinema, hoje, sem dúvida, estaria sobrevoando a lua com uma bicicleta elétrica, com carregador portátil na cestinha e, quem sabe, até um capacete estiloso. Afinal, o futuro chegou, tem rodinhas, funciona na tomada — e anda cada vez mais rápido pelas ruas de Cascavel.

Mais acidentes e feridos

A reportagem do Hoje Express conversou com a presidente do Cotrans (Comitê Intersetorial de Prevenção e Controle de Acidentes de Trânsito de Cascavel), a educadora Luciane de Moura, que confirmou: o número de ocorrências com veículos elétricos tem chamado atenção neste ano.

Segundo dados oficiais, as ocorrências com ciclomotores e patinetes aumentaram em comparação a 2024. Neste ano, foram 6 acidentes com 6 feridos envolvendo ciclomotores, contra 5 acidentes e 6 feridos no ano anterior. Já os patinetes registraram 19 ocorrências e 14 feridos, acima das 17 ocorrências e 8 feridos de todo o ano passado.

Um dos casos mais graves aconteceu em 12 de agosto, no cruzamento das ruas Alexandre de Gusmão e Hieda Baggio Mayer, no bairro Maria Luiza. Uma moto elétrica que trafegava pela ciclofaixa colidiu com um carro em um cruzamento semaforizado. A vítima, de 49 anos, sofreu luxação no joelho e escoriações.

“Todos devem seguir as normas de sinalização e de conduta e quando está transitando em uma ciclofaixa ela é dupla, mesmo que a via seja de mão única, por isso, as pessoas devem ter bastante cuidado por onde transitam e cumprindo a sinalização”, disse a educadora. Segundo Moura, neste tipo de situação todos os veículos que seguem pela ciclofaixa, inclusive os ciclistas, devem respeitar a sinalização da via, incluindo os semáforos, para evitar acidentes e, mesmo em locais sem semáforo, quando a via é de mão única e a faixa exclusiva para bicicletas é de mão dupla, os usuários devem olhar para os dois lados antes de atravessar.

Para ela, os elétricos são uma opção de mobilidade auxiliando o meio ambiente. Mas tudo é novo. Quando chega uma novidade tem que haver conhecimento, como utilizar os espaços, quais as regras e no que diz respeito à circulação, deve haver mudança de comportamento, conscientização “Se não houver respeito, conhecimento, regras, normas, entendimento, haverá sinistros”, reforçou.

Fiscalização e emplacamento

Mas afinal, existe fiscalização? Segundo Luciane de Moura, que também atua na Transitar, sim. A autarquia realiza ações de monitoramento e campanhas educativas, além de disponibilizar um manual que esclarece as diferenças entre os veículos e suas regras.

Com a Resolução 996/2023 do Contran, em vigor desde julho do ano passado, houve atualização na classificação de ciclomotores, bicicletas elétricas e equipamentos de mobilidade individual, como patinetes e skates. O prazo para regularização dos ciclomotores vai até 31 de dezembro de 2025.

De acordo com a norma, bicicletas (mesmo elétricas), skates e patinetes não necessitam de documentação. Já os ciclomotores — como mobiletes e scooters — exigem habilitação categoria A ou ACC (Autorização para Conduzir Ciclomotores). São considerados ciclomotores os veículos de até 50 cm³ ou 4 kW de potência, com velocidade máxima de 50 km/h.

Um dos desafios, segundo Moura, é a compra de elétricos importados sem nota fiscal ou número de chassi. Nesses casos, a regularização é impossível. “Pela lei, se o veículo exige emplacamento mas não pode ser emplacado, não poderá circular em via pública, nem mesmo em ciclovia”, explicou.

Foto: Ilustrativas/IA
Foto: Foto: Ilustrativas/IA

Diferencie os equipamentos:

BIKE ELÉTRICA

– Não possui acelerador;

– Potência até 350 watts;

– Não requer habilitação;

– Velocidade máxima de 25 km/h em ciclovia ou ciclofaixas;

– Não requer registro ou licenciamento;

– Uso obrigatório de capacete.

O QUE É CICLOMOTOR?

– Veículo de duas ou três rodas;

– Motor de combustão de no máximo 50 cilindradas ou de 4 kw (quatro quilowatts) ou 4000 w (quatro mil watts) quando elétrico;

– Pode atingir velocidade máxima de 50 km/h;

– Necessita ser registrado e licenciado (emplacar);

– Condutor precisa ser maior de 18 anos ser habilitado na categoria A ou possuir ACC;

– Utilizar capacete de segurança, com viseira ou óculos protetores;

– Usar vestuário de proteção de acordo com as especificações do Cotran/Capacete.

– Circulação deve ser pelo acostamento ou a bordo das vias. Na ausência desses, utilizar a pista à direita.

MOBILIDADE INDIVIDUAL AUTOPROPELIDOS

– Não necessitam de registros e licenciamento;

– Condutor não precisa ser habilitado;

– Velocidade máxima de 6 km/h em áreas de circulação de pedestres;

– Velocidade máxima de 20 km/h em ciclovias e ciclofaixas;

– Uso obrigatório de indicador de velocidade, campainha e sinalização noturna.