Cascavel – Os 15 ônibus elétricos que passaram a reforçar a frota do sistema do transporte público de Cascavel ainda não estão sendo alimentados pela energia gerada pela “Usina Fotovoltaica” que está sendo construída em uma célula desativada no aterro sanitário. As obras deveriam estar prontas em agosto, mês em que os ônibus passaram a rodar, mas estão atrasadas e o novo prazo de entrega é final deste mês de outubro.
De acordo com Fernando Dillemburg, presidente da Agência de Inteligência e Fomento de Cascavel, a obra está em cerca de 90% concluída. O total de cinco mil placas solares já foi instalado e a Copel está terminando a rede de energia, que vai ligar a subestação até a usina. Também está sendo aferida a cabine de força, já que a usina fará a geração de energia que vai para a cabine de força que transforma em alta tensão que vai para a subestação. De lá ela é trazida para o eletroterminal – que é o terminal de carga com sete carregadores – e transforma a energia novamente de alta para baixa tensão para que os ônibus sejam abastecidos. “Temos um exemplo de projeto: o único município no Brasil que construiu desta forma, gerando a sua própria energia, para que ela seja integrada no sistema de abastecimento de ônibus elétricos, gerando uma energia limpa”, reforçou.
Sobre o atraso, Dillemburg explicou que a Copel teve um problema com a entrega de materiais que já haviam sido comprados de fornecedores, que são os cabos blindados, visto que muitas indústrias estão no Rio Grande do Sul. “A tragédia que houve no estado vizinho acabou afetando e então, tivemos que esperar o trabalho da Copel que deve estar concluído em breve, para então conseguir iniciar o sistema”, pontuou.
O presidente lembrou ainda que o local em que a usina foi construída é em uma célula desativada que vai demorar pelo menos 10 anos para se recompor e que agora está sendo utilizada para gerar a energia em um grande processo de sustentabilidade, em um local que não poderia ter outro destino. “As placas têm uma vida útil e uma garantia de pelo menos 25 anos e durante este tempo fizemos um cálculo que será gerado pelo menos R$ 260 milhões em energia”, descreveu.
Investimento
Em todo o sistema estão sendo gastos aproximadamente R$ 30 milhões, sendo deste total R$ 13 milhões apenas na montagem da usina. Ela é composta por cinco blocos com mil placas em cada um deles, com capacidade de produzir 2,5 megawatts de energia, já que transforma a captação da luz do sol em energia elétrica. Ela fica em anexo ao Aterro Municipal, no distrito de Espigão Azul.
O investimento foi possível por meio de verba liberada pelo BRDE (Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul) e a Itaipu Binacional e caso haja uma “sobra de energia” ela é destinada para atender a outros prédios públicos. Lembrando que o aterro já possui uma usina de biogás que também transforma biogás em energia e abastece parte dos prédios públicos da cidade.
Carregador no conserto
Um dos sete carregadores que fica no Eletroterminal ainda não foi reposto. Segundo a Transitar, ele foi encaminhado pela concessionária à fabricante para conserto e ainda não retornou. Um acidente que aconteceu no dia 16 de setembro acabou danificando o carregador que teve que ser removido do local, quando o motorista fez uma manobra e atingiu a estrutura que custa cerca de R$ 400 mil.
Além disso, nem todos os ônibus elétricos estão circulando, já que desde que começaram a circular até agora, três deles se envolveram em acidente. Segundo a Transitar, um deles não está circulando porque está aguardando uma peça que foi encaminhada a São Paulo e ainda não retornou, mas a previsão é que seja retomada ainda nesta semana. Ao todo são 15 ônibus elétricos, sendo 13 ônibus padrões e dois articulados.
Ônibus elétricos
A compra da nova frota que representa 10% do total dos ônibus que circulam pela cidade custou R$ 42 milhões aos cofres públicos. Os novos ônibus circulam nas três avenidas principais da cidade, nas canaletas próprias, que são nas avenidas Brasil, Tancredo Neves e na Barão do Rio Branco, mas futuramente devem circular também na Carlos Gomes.
Cada ônibus tem cerca de 12 metros de comprimento e capacidade para 75 passageiros. Equipado com baterias totalmente elétricas, possui autonomia de 270 km e pode ser carregado em até quatro horas. Além disso, têm ar-condicionado, conexão wi-fi e tomadas para recarga de celulares. Todo o sistema para carregar a frota conta com nove carregadores, sendo que sete deles ficam no Eletroterminal, um no Terminal Leste e outro no Terminal Sul. As recargas são feitas no período noturno quando não estão circulando, mas o local comporta os 15 estacionados de uma só vez.