RIO ? O célebre fotógrafo que capturou em 1984 os olhos verdes da refugiada afegã Sharbat Gula prometeu fazer tudo que for possível para ajudá-la a sair da prisão. Na quarta-feira, ela foi detida por usar documentos falsos no Paquistão, onde vive como refugiada há 32 anos. Segundo autoridades, ela poderia pegar até 14 anos de prisão, caso seja condenada por driblar o sistema computadorizado paquistanês.
Steve McCurry, conhecido no mundo todo, tirou a fotografia de Sharbat quando ela tinha apenas 12 anos e acabara de chegar a um campo de refugiados em Peshawar, no Paquistão. Ela era mais uma das pessoas que deixava sua vida para trás por causa dos violentos conflitos provocados pela ocupação soviética no Afeganistão. A imagem estampou uma icônica capa da revista ?National Geographic? em 1985 e e rendeu a Sharbat o apelido de “Mona Lisa do Terceiro Mundo”.
Em sua conta no Instagram, ele saiu em defesa de Sharbat e prometeu ajudá-la como for possível:
?Estamos fazendo tudo que podemos para entender os fatos ao entrar em contato com nossos colegas e amigos na área. Estou comprometido a fazer tudo que for possível para fornecer apoio legal e financeiro para ela e sua família. Eu me oponho a esta ação das autoridades nos termos mais fortes possíveis. Ela sofreu pela sua vida toda e a sua prisão é uma escandalosa violação dos seus direitos humanos?, escreveu McCurry. mccurry
O fotógrafo manteve, ao longo de todos estes anos, esforços para obter informações sobre a vida de Sharbat. Em 2002, dezessete anos depois de tirar a icônica foto, McCurry reencontrou a afegã. Ela ainda vivia em um campo de refugiados ? mas desta vez na remota localidade de Nasir Bagh, que também fica no território paquistanês. A esta altura, ela já era casada e mãe de três filhas. Em uma nova foto, os seus expressivos olhos verdes mais uma vez foram capturados pelas lentes. E, então, o fotógrafo financiou o seu maior sonho: a viagem de peregrinação a Meca com a sua família.
Em 2015, Sharbat se tornou alvo de investigação das autoridades, que descobriram que os documentos que a identificavam como Sharbat Bibi eram falsos. Ela teria sido uma das milhares de pessoas que conseguiu driblar o sistema computadorizado paquistanês para conseguir documentos no país. Segundo uma autoridade local, ela poderia enfrentar entre 7 e 14 anos de prisão, além de uma multa entre US$ 3 mil e us$ 5 mil, se for condenada.
O Paquistão realizou nos últimos meses uma grande campanha de verificação para descobrir os proprietários de documentos de identidade do país obtidos de forma fraudulenta. O país tem 1,4 milhão de afegãos registrados como refugiados, segundo a ONU ? e é a terceira nação com o maior número de pessoas asiladas no mundo.