Cotidiano

Governo Temer avalia que discurso de Dilma não muda placar do impeachment

2016 934457023-201608251645405365.jpg_20160825.jpgBRASÍLIA ? O discurso feito pela presidente afastada Dilma Rousseff para se defender no processo de impeachment não foi forte o suficiente, segundo integrantes do governo Temer, para mudar sua situação no Senado. Em conversas na noite de domingo, no Palácio do Jaburu, e na manhã desta segunda-feira entre o presidente interino, Michel Temer, auxiliares, e senadores peemedebistas, o grupo avaliou cenários e esperava por um tom mais duro e mais emocional.

Impeachment 29.08

Após a fala da petista, a avaliação dos aliados de Temer foi de que seu depoimento foi óbvio, pouco emocional e um tanto burocrático. Apesar da análise dos governistas, o clima é de monitoramento dos votos dos senadores. Interlocutores de Temer acham que não há margem para mudar muito o placar a favor de Dilma, que no julgamento da pronúncia, quando ela se tornou ré, foi de 21 votos. Sem admitir apreensão com a pressão feita nesta reta final pelo PT, os aliados de Temer dizem que qualquer oferta, neste momento, é inexequível por Dilma, já que se eventualmente não perder o cargo, convocará um plebiscito para novas eleições presidenciais.

? Estamos tranquilos e confiantes. O que está acontecendo hoje não altera em nada o desfecho deste processo. Dilma não trouxe em seu discurso nada que pudesse mudar isso ? disse um interlocutor presidencial.

Contador informal dos votos pró-impeachment, o senador Romero Jucá (PMDB-RR) aposta em um placar de 59 a 61 votos pelo afastamento de Dilma.

? O centro da meta é de 60 votos a favor do impeachment e 19 contra. Dilma cumpriu tabela ? disse o senador.

Questionado se não acredita que algum senador pode, por consciência, repensar seu voto, respondeu:

? Entre a consciência pessoal e a opinião pública, sempre vai pesar mais a segunda opção.

O senador Otto Alencar (PSD-BA), no entanto, que vinha se esquivando de anunciar sua posição no julgamento da presidente Dilma, disse ao GLOBO que vai votar contra o impeachment. O senador baiano, muito ligado ao ex-chefe da Casa Civil Jaques Wagner, vinha sendo procurado pelo grupo do presidente interino, Michel Temer, para apoiar o afastamento definitivo de Dilma e se alinhar politicamente ao PMDB e ao DEM na Bahia.

Na noite de domingo, além de receber no Jaburu o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), Temer se reuniu com outros dois senadores, Fernando Collor de Mello (PTC-AL), e Omar Aziz (PSD-AM). Collor ainda não declarou seu voto e Aziz já se posicionou favoravelmente ao afastamento definitivo da petista.

Os primeiros momentos de Dilma no Senado