Cotidiano

Cidades do Oeste vão fechar no vermelho

Tupãssi – De oito a dez cidades da região, uma das mais prósperas do Paraná e do Brasil, terão dificuldades de honrar todos os seus compromissos neste fim de ano. “Essa é a pior crise que os municípios enfrentam em mais de duas décadas”, diz o presidente da Amop (Associação dos Municípios do Oeste do Paraná) e prefeito de Tupãssi, José Carlos Mariussi, o Cal. “Por isso, pelo acompanhamento que estamos fazendo pela entidade, é possível dizer sem saber ainda quais, que pelo menos uma dezena fecharão o exercício de 2016 no vermelho”.

O fim do ano é o período mais difícil para as prefeituras, principalmente as de pequeno porte, para honrar todos os seus compromissos. Além dos salários normais, os prefeitos precisam pagar o 13º, percentual das férias e quitar todos os débitos com os fornecedores. “Esse foi um ano particularmente difícil. Estou há 20 anos em cargos eletivos e posso afirmar que não havia visto nada tão complicado”, diz Cal, prefeito experiente e que entrega a prefeitura no fim de dezembro e deixará a presidência da Amop em março.

Diversos fatores contribuem para um ano tão tenso e que levou ao limite a habilidade dos gestores públicos. O País vem de recuos no PIB há três anos e, mesmo com a redução, os salários e os custos das administrações subiram pelo menos 10% a cada ano. “Essa é uma conta que não fecha e em algum momento ela será cobrada”, conforme Cal. O FPM (Fundo de Participação dos Municípios) também enfrenta reduções, que em 2016 chega perto dos 10%. Além disso, o ano foi de eleições municipais e muitos prefeitos, principalmente aqueles que concorreram à reeleição, fizeram gastos, a exemplo de obras, que não poderiam de olho em um novo mandato.

Cortes

Atenta ao cenário, a Amop orienta os prefeitos a conter gastos. “Todos tiveram que enxugar, uns mais e outros menos, mas a contenção alcança a todos”. Alguns reduziram o número de comissionados e diminuíram o ritmo de obras. Outros, no entanto, cortam salários do prefeito, vice e secretários e têm sido obrigados a reduzir plantões médicos em postos de saúde. “São medidas extremas para tentar pagar o 13º, salários e fornecedores. Mesmo assim, alguns não conseguirão”, lamenta o prefeito de Tupãssi e presidente da Amop.