Cotidiano

Moro ouve cinco testemunhas em processo contra Cunha

SÃO PAULO ? O juiz Sérgio Moro, responsável pelos julgamentos em primeira instância da Operação Lava-Jato, ouviu hoje outras cinco testemunhas de defesa na ação contra o deputado federal cassado Eduardo Cunha. O ex-presidente da Câmara Henrique Eduardo Alves prestou seu depoimento por videoconferência, assim como os deputados federais Leonardo Quintão e José Saraiva Felipe, todos do PMDB.

Durante as audiências, a defesa tentou demonstrar que o ex-deputado Eduardo Cunha não exerceu influência na indicação de Jorge Zelada para a diretoria da área internacional da Petrobras. Na denúncia apresentada pelo Ministério Público Federal, a força-tarefa usou como base a delação do ex-gerente da estatal, Eduardo Costa Vaz Musa, que afirmou que a indicação de Zelada foi feita pela bancada mineira, mas a palavra final era de Eduardo Cunha. As testemunhas convocadas pela defesa negaram a afirmação de Musa.

A pergunta novamente fez perguntas sobre a participação do presidente Michel Temer, questionando as testemunhas se ele era o responsável pela interlocução da bancada do PMDB na Câmara com o governo.

No processo, Eduardo Cunha é acusado de ter recebido valores indevidos em relação à aquisição pela Petrobras de um campo de petróleo em Benin. O pagamento teria sido feito por João Augusto Rezende Henriques, considerado pelos investigadores como um dos operadores do PMDB na estatal. Henriques depositou na conta de Cunha, em francos suíços, o equivalente a R$ 5 milhões. Parte dos valores teria sido usado pela mulher de Cunha, Cláudia Cruz, em compras de luxo no exterior.

João Augusto Rezende Henriques, que também é réu no processo, afirma que não sabia que as contas pertenciam a Cunha e depositou o montante a pedido de Felipe Diniz, filho do ex-deputado federal Fernando Diniz, morto em 2009. A solicitação é negada por Felipe Diniz.

Nos depoimentos, as testemunhas confirmaram que coube à bancada mineira, comandada por Fenando Diniz, a indicação de Zelada ao cargo. Um deles, João Lucio Magalhães Bifano, chegou a afirmar que Diniz teria dito que a indicação poderia render doações eleitorais aos membros da bancada.

*Estagiário, sob supervisão de Flávio Freire