Cotidiano

Salão Carioca do Livro começa nesta quinta-feira na Zona Portuária

LER_Julio S_Foto Ana Paula Pereira_corte.jpgRIO – Foi pelo porto do Rio de Janeiro que milhões de escravos negros chegaram ao Brasil vindos da África. Foi pelo mesmo porto que estrangeiros chegaram ao país em busca de uma nova vida e por onde a elite brasileira viajava à Europa para estudar e passear. Dessa mistura de gentes tão diferentes, nasceu a cultura carioca. A partir desta quinta-feira e até domingo, a região recebe a primeira edição do LER – Salão Carioca do Livro, parceria da Funarte com a Fundação Cesgranrio, que promete ser um espaço de encontros para autores e leitores de todos os gêneros literários.

O evento vai ocupar os Armazéns 2, 3 e 4 e conta com uma extensa programação de debates, oficinas, exposições e lançamento de livros. Entre os convidados, estão membros da Academia Brasileira de Letras (ABL), como Antônio Torres e Antônio Carlos Secchin, Anderson França, Gregório Duvivier, Raphael Montes, Amara Moira, a cubana Teresa Cárdenas e o português José Luiz Peixoto.

Haverá espaços dedicados ao livro digital, à cultura geek e às crianças, com contação de histórias e apresentações teatrais. Ao todo, são 21 espaços diferentes. A entrada é gratuita, mas a organização recomenda que os visitantes façam a pré-inscrição nas atividades antecipadamente através da internet.

– O porto é o lugar onde as ideias se encontram e esse encontro gera cultura. Queremos afirmar o porto como grande lugar misturador de ideias e influências para gerar novas expressões culturais. Queremos dar voz ao leitor também. Haverá oficinas literárias e de roteiro e uma sessão no espaço do livro digital onde os autores poderão se autopublicar – conta o curador.

Silveira ressalta que o salão vai oferecer aos visitantes um itinerário completo do livro e da leitura, incluindo a história do livro, a literatura no Rio de Janeiro e a experiência digital. Uma biblioteca digital de 600 títulos será colocada à disposição e o acesso será feito através de um QR code nas lombadas das obras, que poderão ser baixadas para celulares e tablets. O curador afirma que a diversidade de autores e públicos foi buscada desde o início.

– Estamos ao lado do Cais do Valongo, que era a porta de entrada de escravos na cidade. Então tivemos essa preocupação em convidar autores de diferentes origens, que tinham livros e histórias para contar. Procuramos juntar, inclusive, pessoas de perspectivas diferentes para debater vários temas.

Para Silveira, era importante envolver a comunidade da zona portuária no evento. Assim nasceu o Espaço Casa Porto, sob o comando de Raphael Vidal, que vai expor trabalhos de moradores da região e terá até uma feira de culinária local. As atividades do espaço não terão necessidade de inscrição antecipadamente.

– A zona portuária é uma região que precisava muito de melhorias, mas era preciso honrar o patrimônio cultural dessa área da cidade – finaliza o curador.

A programação completa do LER Salão Carioca do Livro está disponível aqui.