Brasília – Integrantes da CPMI que investiga a invasão e depredação das sedes dos três Poderes em 8 de janeiro aprovaram diversas convocações, entre elas a do ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança Pública do DF, Anderson Torres, do tenente-coronel Mauro Cid (ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro), do ex-ministro do GSI (Gabinete de Segurança Institucional ), Augusto Heleno, e do ex-ministro da Defesa Braga Netto. Também foi aprovado o compartilhamento de informações, pela Polícia Federal, dos dados extraídos dos celulares do ex-presidente Jair Bolsonaro e de Mauro Cid obtidos nas operações em curso.
Os membros da comissão dividiram em três blocos os primeiros 285 requerimentos que pedem a realização de depoimentos e requisitam informações de órgãos da administração pública. Dois conjuntos de propostas foram aprovados por deputados e senadores ontem (13) e um foi rejeitado. No total, já foram apresentados mais de 900 requerimentos à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito.
Parlamentares aliados ao governo decidiram rejeitar o bloco de requerimentos que, segundo eles, extrapolavam o objeto de investigação da comissão. Entre os requerimentos reunidos nesse grupo, estavam os que solicitam imagens de câmeras internas do Ministério da Justiça e do Palácio do Planalto e informações sobre o uso das forças de segurança no dia do ataque, além do convite ao ministro da Justiça, Flavio Dino.
Deputados e senadores de oposição acusaram a base aliada de querer blindar integrantes do governo federal, impedindo que eles sejam investigados por supostas omissões diante da invasão aos prédios da praça dos Três Poderes. O deputado Filipe Barros (PL-PR) acusou o governo de tentar direcionar as investigações. “O governo quer votar apenas os requerimentos deles e rejeitar os requerimentos da oposição. Nós não podemos permitir que isso aconteça. Ou essa é uma investigação séria, imparcial, que atende a todos, seja governo ou oposição, ou a gente já vai começar os trabalhos dessa comissão sendo completamente parcial”, afirmou.
Maia critica
O presidente da CPMI, deputado federal Arthur Maia (União Brasil-BA) criticou a decisão do colegiado de rejeitar parte dos pedidos de requerimentos de oitivas. Além de Flávio Dino, a oposição fez requerimento para convocar o ex-ministro do GSI do Governo Lula, Gonçalves Dias; do ex-diretor-adjunto da Abin (Agência Brasiliera de Inteligência), Saulo Moreira da Cunha. A CPMI também retirou de pauta o requerimento que previa o depoimento do secretário-executivo da Justiça, Ricardo Cappelli.
Ao fim da sessão, Arthur Maia se posicionou por meio de nota. “Como presidente da CPMI sou responsável por pautar os requerimentos, mas quem decide pela aprovação ou rejeição é o Plenário. Registro que considero ruim para a credibilidade dos trabalhos a rejeição de requerimentos para ouvir pessoas que estão no centro dos episódios de 8/1”, disse.
A rejeição dos requerimentos representa a primeira derrota da oposição no colegiado – o grupo contrário ao governo Lula é minoritário na comissão, mas via as oitivas de nomes ligados ao governo Lula como peças-chave para a investigação.
“Invasão”
O Palácio do Planalto conta com maioria na comissão e o senador Eduardo Girão (Novo-CE) disse que o governo “invadiu” a CPMI em busca de blindagem. “Essa CPMI, ela vai escancarar uma proteção, uma blindagem, ao governo Lula. Isso mostra a força do governo, realmente tem que reconhecer, uma força poderosa do governo Lula, que veio invadir esta CPMI para blindar”, afirmou.
Foto: Agência Câmara