A máquina pública não pode se imaginar como um fim em si mesmo. Ou seja: é uma estrutura para servir a sociedade e não para se servir de quem a sustenta. O Paraná tem 11,3 milhões de habitantes e todos, sem distinção, merecem cuidados.
O Estado tem que olhar para o mais rico empresário e para o mais humilde trabalhador. Este olhar deve permitir que quem pode empreender tenha segurança em investir para gerar renda e empregos. Ao mesmo tempo, é imperioso oferecer suporte necessário àqueles que precisam da atenção mais básica, seja de saúde, educação ou segurança.
Não ser o fim em si mesmo significa dizer que aquilo que o Estado arrecada não pode ser gasto apenas para custear seu funcionamento e seus funcionários. Assim como se faz com o orçamento doméstico, é preciso organizar as finanças públicas com respeito ao dinheiro arrecadado, de modo que não haja desperdícios e privilégios.
A reforma da previdência no serviço público é um ajuste mais que necessário. O projeto já chega com certo atraso, mas ainda a tempo de enquadrar a máquina estatal à realidade, estancando o perverso aumento da sangria de recursos em benefício de poucos e detrimento de muitos.
As lideranças políticas não podem sucumbir ao corporativismo desmedido de parcelas do funcionalismo que gritam contra a reforma. Isso não significa deixar de valorizar o servidor público, mas adotar o limite possível.
A valorização de quem atua no setor público não pode se restringir à remuneração percebida na ativa ou na aposentadoria. Melhorar o ambiente de trabalho – seja numa escola ou hospital, seja no suporte ao trabalho de rua das polícias – também é uma forma de valorizar e proteger o servidor.
E isso só pode ocorrer se houver capacidade de investimento por parte do Estado, que hoje compromete mais da metade do que arrecada com a folha de ativos e inativos.
A reforma da previdência estadual proposta pelo governo precisa ser apoiada por todos. Hoje, há um rombo de R$ 6,3 bilhões por ano no sistema de aposentadoria da estrutura pública. O valor é bancado pelos impostos pagos pela sociedade paranaense, e só tende a crescer se nada for feito.
O momento é de defender o Paraná. Não podemos cair na vala da insolvência financeira que afeta diversos estados brasileiros. O equilíbrio das contas públicas está diretamente ligado à confiança dos investidores, como demonstram os índices econômicos deste ano.
Vários setores da economia paranaense estão no topo do ranking nacional. É o que acontece com a produção industrial, a maior do País, e a criação de 60 mil novos postos de trabalho. O último dado do Produto Interno Bruto (PIB) mostra que o Paraná cresceu o dobro do Brasil.
A população não deve ficar como mera espectadora deste debate e, assim como as lideranças estaduais, não pode se acanhar na defesa da reforma previdenciária do setor público estadual.
O momento é de pensar no Paraná que queremos hoje e amanhã.
Isso depende das nossas atitudes.
O artigo é o editorial do jornal Folha de Londrina desta segunda-feira (25).