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Pais controladores, filhos sem iniciativa.

Você se considera controlador como pai/mãe? Você é daquele tipo, que mesmo sem querer, fica orientando cada passo que o filho já crescido dá, controla suas atitudes profissionais, avalia constantemente o perfil do(a) namorado(a) e sempre dá um jeitinho de temperar suas opiniões, de forma que o filho siga fielmente aquilo que você está sugerindo? Se você age assim, tenha cuidado, pois pode estar criando um filho que não tem opinião para tomar suas próprias decisões.

Há uma diferença expressiva entre você ser “controlador” ou apenas “acompanhar o desenvolvimento do filho”. Pais que acompanham o crescimento do mesmo estão sempre por dentro do que se passa em suas vidas, sabem das pessoas e do universo que os cerca, mas acima de tudo, se lembram com freqüência que o filho precisa fazer suas próprias escolhas, mesmo que você não concorde com elas. Já os pais controladores, também acompanham o desenvolvimento do filho, mas o forçam a agir de acordo com a vontade dos pais, impedindo-o de errar ou acertar por si próprio. Pais controladores costumam dizer que fazem isso para o bem deles e para que tropeçem menos na vida, mas será que é possível ter controle sobre cada atitude que o filho toma?

Obviamente que todos os pais tem as melhores expectativas, mas é preciso saber diferenciar o que o desejo do filho e o desejo dos pais. Isso não quer dizer que os pais tem que liberar o filho para tudo o que ele queira, mas há certas escolhas na vida que são inevitáveis para que eles possam crescer e muitas vezes o melhor caminho é batendo a cabeça com escolhas erradas. 

Muitas vezes os pais estão certos e eles conseguem ter a percepção que os filhos não tem. Quando implicam com uma amizade, um(a) namorado(a) ou algo do gênero, é muito provável que eles já estejam enxergando muito além do filho, coisas até que eles mesmos não conseguem ver. O fato é que o filho precisa treinar suas habilidades de fazer escolhas, sejam elas certas ou erradas.

Percebe-se hoje que os pais que tem perfil mais controlador, transmitem constantemente a mensagem implícita que o filho não sabe tomar decisões e que precisa sempre de alguém que tome por ele. Neste caso, o filho faz aquilo que os pais mandam, mesmo contrariado e os pais brigam porque ele não teve iniciativa para as coisas e que está sempre inseguro. Por outro lado, quando as coisas não dão certo, torna-se cômodo para o filho culpar os pais, podendo assim, justificar seus erros. Chega um momento em que fica cômodo para os pais controlarem e cômodo para o filho ser controlado, mas ninguém se dá conta que todos entram em um ciclo de culpas e discussões que no fim, só trará ainda mais problemas.
O melhor caminho funciona quando o filho pára de agir de acordo com a vontade dos pais e assume suas próprias escolhas. Isso não significa rebeldia, mas representa crescimento. O filho precisa disso para desenvolver sua personalidade, assumir as consequências de suas escolhas e principalmente, se dar um atestado pessoal de que consegue por si só, lidar com as circunstâncias da vida.

A autora é psicóloga especialista de casais e família.
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