
Cascavel e Paraná - O aumento de casos de SRAGs (Síndromes Respiratórias Agudas Graves) que tem lotado os hospitais – tanto públicos quanto privados – nas últimas semanas pode levar o Hospital de Retaguarda a voltar a ser referência no atendimento aos pacientes que precisarem de um leito de UTI (Unidade de Terapia Intensiva), assim como foi feito durante a pandemia da Covid-19, quando o hospital deu um suporte muito importante aos casos de atendimento.
A informação foi repassada pelo diretor do Hospital de Retaguarda, o médico Lísias de Araújo Tomé, que disse que os casos têm superlotado os hospitais e que já existe uma deficiência de leitos para atendimento de casos de gripe graves. “Já estamos isolando duas enfermarias só para os casos de gripe, porque uma gripe misturada com a outra não tem problema, mas não posso misturar uma gripe com um paciente com uma insuficiência cardíaca”, falou.
Tomé contou que o hospital já foi informado pela Secretaria Municipal de Saúde para que se preparem caso a situação avance e fique ainda mais grave, para que volte a ser um suporte para os leitos de UTI como na pandemia. “Temos 60 leitos, sendo 10 de UTI e 50 de enfermaria, mas eventualmente, numa emergência podemos mudar como fizemos na pandemia, transformando enfermarias em UTI e atendendo apenas os casos mais graves”, relatou.
Segundo ele, existe a previsão de serem colocados mais oito ou 14 leitos dependendo da gravidade da situação e ir ampliando já que a situação está cada vez pior e as pessoas não estão se vacinando. “Muita gente fala que está com uma gripe, mas quando procura o médico, já está com sintomas mais graves, mas as pessoas têm que ter uma noção de que gripe hoje não é mais uma gripe de 20 anos atrás, gripe é uma doença séria e dependendo do patógeno que causa essa gripe, ela pode avançar muito rápido”, descreveu. O diretor contou que na semana passada teve um senhor de 50 anos que internou com gripe e que foi a óbito por causa de uma gripe que evoluiu mal. Por isso, as pessoas que têm sintomas comuns de gripe, febre, tosse seca, mal-estar, cansaço, fadiga, mas quando você percebe que está além do normal daquela gripe que você tem habitualmente, ficando confuso, com os dedos um pouco mais roxos, não se trate em casa, procure um médico o quanto antes, já que cada tipo de vírus tem um tipo de tratamento, já que pode ser uma Influenza, Covid-19 ou H1N1.
Vacina
Nesta semana os casos de SRAGs passaram de 10 mil no Paraná e um novo alerta foi emitido pela Sesa (Secretaria de Estado da Saúde), inclusive com orientações de prevenção para as escolas da rede municipal e estadual de ensino. Cascavel já contabiliza 11 mortes por complicações só neste ano, sendo cinco por Influenza, quatro por Covid-19, uma por Rinovírus e uma por Vírus Sincicial Respiratório. Desde o começo deste ano, o Paraná registrou mais de 10 mil casos e quase 470 mortes entre pacientes hospitalizados com este tipo de síndrome.
Apesar deste cenário preocupante, a imunização ainda continua baixa, sendo que do público-alvo total de 144.219 pessoas, 73,4 mil doses foram aplicadas até agora, o que representa 40,15% de cobertura vacinal. A situação é ainda mais crítica entre os grupos prioritários, já que idosos estão com uma cobertura de 46,02%, crianças 32,48% e gestantes 12,32%.
De acordo com dados da Secretaria Municipal de Saúde, somente no mês de maio houve um aumento de seis mil atendimentos a mais por doenças respiratórias em comparação ao mesmo período do ano passado, tanto nas unidades de saúde quanto nas UPAS (Unidades de Pronto Atendimento).