A saúde íntima da mulher pode, muitas vezes, ser negligenciada por conta da correria do dia a dia, excesso de tarefas no trabalho, cuidados com a casa e a família. Aquela sensação de queimação na área vaginal, coceira, dificuldade de urinar ou até mesmo dor durante o contato íntimo são sintomas comuns da secura vaginal e devem ser investigados.
O ginecologista Márcio Elias explica que a região íntima da mulher é muito sensível a fatores externos e psicológicos, como problemas profissionais, preocupações familiares e pessoais dentre outras. Mas alguns cuidados podem diminuir a incidência e até evitar que esse incômodo apareça novamente. Entenda algumas causas:
Falta de estrogênio – Fabricado naturalmente pelo corpo feminino, esse hormônio estimula a produção de glicogênio, que serve de alimento para as bactérias benéficas encontradas na vagina que equilibram o Ph natural desse local. A falta deste hormônio compromete todo o ciclo menstrual, além de deixar a parede vaginal mais fina. Em geral, as baixas concentrações de estrogênio no corpo das mulheres pode causar ressecamento vaginal, situação esta comum na menopausa e na fase de aleitamento materno.
Medicamentos – O uso prolongado de alguns tipos de medicamentos e tratamentos oncológicos (Quimioterapia e Radioterapia) também podem interferir na produção de estrogênio. As mulheres que estiverem recebendo este tipo de tratamento devem observar se o ressecamento vaginal se faz presente.
Infecções – A Candidíase vaginal e outras infecções que afetam a cavidade vaginal muitas vezes alteram a flora natural da vagina e são capazes de desenvolver um quadro de secura vaginal. Tratamento é necessário bem como hidratação local caso necessite. Fique atenta!
Pílula Anticoncepcional – Usuárias de contraceptivos hormonais orais podem apresentar quadro de ressecamento vaginal. É pouco frequente, mas pode afetar a lubrificação íntima e dificultar relação sexual.
Problemas de natureza psicológica – Como alguns dos sintomas da secura vaginal só são sentidos durante a relação sexual, o problema pode estar, justamente, relacionado à falta de excitação, lubrificação, insatisfação com o parceiro, situações de stress e até quadros de depressão.
Dica importante
O ginecologista Márcio Elias diz que, para tratar o ressecamento vaginal, é imprescindível identificar os sintomas que estão causando o problema. “O tratamento é multifatorial e pode ser combinado entre medicamento, suplementação e dietas. Hoje no mercado, existem maneiras rápidas e eficazes para minimizar o problema, como o uso de gel hidratante intravaginal, que auxilia na manutenção da hidratação vaginal natural e da hidratação tecidual. Opte por gels à base de ácido hialurônico e sem hormônios. E atenção, é importante sempre utilizar o hidratante intravaginal sob supervisão médica”.
Emendar a pílula anticoncepcional faz mal?
Uma das alternativas para interromper a menstruação é o uso contínuo da pílula anticoncepcional, emendando as cartelas da medicação. A opção, no entanto, ainda gera dúvidas sobre eventuais malefícios à saúde da mulher. A ginecologista do Hospital Edmundo Vasconcelos, Maria Luisa Mendes Nazar, esclarece os principais pontos sobre o tema:
- Emendar a cartela faz mal à saúde da mulher?
A ginecologista tranquiliza sobre o hábito e conta que optar por emendar a cartela não traz riscos à saúde. “O corpo vai receber a quantidade fixa de hormônio da medicação, que geralmente é composto por estrogênio e progesterona, e assim, não estimula o crescimento do tecido do útero e consequentemente não há menstruação. Esse processo não interfere na saúde”.
- Há um limite de cartelas que possam ser emendadas?
Não, o que pode interferir é a adaptação de cada mulher à dose hormonal da medicação. Segundo a médica, o aconselhável é que sejam observados os efeitos durante três meses. Caso neste período ocorram pequenos sangramentos, é importante consultar o médico para a troca da pílula com uma dose hormonal maior.
- Quando ocorre o escape é preciso interromper a pílula?
Em casos em que o uso já ultrapassou os três meses de adaptação, quando há o escape é indicado realizar a pausa de quatro a sete dias e retornar com a mesma medicação, sem problema algum, recomenda Maria Luisa Mendes Nazar.
- Por que acontece o escape mesmo não interrompendo o uso?
A dosagem pode não impedir por completo o crescimento do tecido do útero, ocorrendo pequenos sangramentos. A médica enfatiza, porém, que esses escapes não são sinais de ineficácia contra a gravidez.
- Essa opção é contraindicada para alguma mulher?
A contraindicação não é diretamente sobre o uso contínuo, mas sobre a composição da pílula. Segundo a especialista, mulheres com problemas circulatórios, cardíacos e com histórico de enxaqueca devem evitar o uso de estrogênio. Maria esclarece que para esses casos, há opção de pílulas somente com progesterona.
Quem já teve trombose não pode usar anticoncepcional
A pílula anticoncepcional é um método contraceptivo muito comum entre as mulheres. A pílula utiliza da associação da progesterona com o estrógeno para impedir a gravidez. Porém, esse medicamento pode levar a complicações como a trombose, uma condição onde ocorre o desenvolvimento de um “trombo”, um coágulo sanguíneo, nas veias e que causa uma inflamação na parede do vaso. “A ligação entre a trombose e o anticoncepcional é que os hormônios dos anticoncepcionais alteram a circulação e aumentam o risco de formação de coágulos nas veias profundas, dentro dos músculos”, explica a cirurgiã vascular Aline Lamaita, angiologista e membro da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular.
Se para quem nunca teve trombose os anticoncepcionais podem ser um problema, para quem já passou por um episódio da doença o medicamento combinado é proibido, segundo a médica. Mas para essas pessoas existem outros métodos contraceptivos que não levam à trombose.
Confira as indicações:
– O DIU de cobre, ou dispositivo intrauterino, é um pequeno dispositivo em formato de T que é colocado dentro do útero para evitar gravidez. Por ser isento de hormônios, o DIU é uma excelente opção para evitar a trombose. O DIU libera íons de cobre que imobilizam o esperma, dificultando sua chegada até o óvulo. Este método possui 99% de eficácia, dura de 5 a 10 anos e é reversível, podendo ser retirado a qualquer momento.
– O DIU hormonal é um dispositivo semelhante ao DIU de cobre que, em vez de íons de cobre, libera pequenas quantidades de hormônio que impedem que o espermatozoide fertilize o óvulo. O hormônio presente nesse tipo de dispositivo é a progesterona que, se usada de forma isolada, não aumenta o risco de Trombose. Assim como o outro, esse método possui 99% de eficácia e também é reversível, porém dura apenas de 3 a 6 anos.
– O implante de progesterona ou implante subcutâneo é um pequeno dispositivo colocado debaixo da pele do braço que libera pequenas doses diárias de hormônio. A progesterona presente no implante é isolada e será liberada de forma lenta no organismo, inibindo a ovulação sem aumentar o risco de trombose. Dentre os métodos contraceptivos hormonais, o implante é o que apresenta o menor índice de gravidez indesejada.
– A pílula de progesterona isolada é, como o nome já diz, uma pílula anticoncepcional que contém apenas progesterona. Esse método age de duas maneiras: inibindo a ovulação e promovendo o espessamento do muco cervical, o que dificulta a penetração dos espermatozoides. De acordo com a médica, por não ter a associação de progesterona com estrógeno, esta pílula também não causa trombose.
Fonte: www.alinelamaita.com.br