A picada do pequeno mosquito Aedes aegypti é, hoje, uma das maiores preocupações da população que comenta sobre os diversos casos de dengue em toda a cidade: dentro de casa, no trabalho e escolas, entre outros. A quantidade de casos vem aumentando a cada semana, superlotando os serviços de saúde, na pior epidemia da doença já registrada em Cascavel.
De acordo com o boletim epidemiológico divulgado ontem (4) pela Secretaria Municipal de Saúde, Cascavel confirmou nesta última semana um total de 3.615 novos casos, um aumento de 34%, somando 14.140 casos positivos da doença. Este é o pior cenário da doença na história da cidade, que tinha atingido 13.010 casos no ano epidemiológico de 2021 a 2022.
A situação só não é pior com o número de óbitos já que até agora desde agosto do ano passado, foram confirmadas 4 mortes e, de 2021 a 2022, foram 15 no total. Mas a preocupação ainda é grande visto que, além destas 4 já confirmadas, existem outras 18 sendo investigadas, inclusive de uma adolescente de 14 anos moradora do Distrito de Rio do Salto, que faleceu na quarta-feira (3), com sintomas da doença. Outros 978 novos casos estão em investigação.
Redução?
O secretário municipal de Saúde de Cascavel, Miroslau Bailak, prevê que nas próximas semanas o número de casos comece a reduzir, porém, como existem muitos casos sob investigação, é possível ainda uma elevação nos dados.
“Não necessariamente vai positivar todos. Nós já tivemos, lá no início, grandes casos suspeitos que foram descartados, porque as viroses levam a óbito com sintomas parecidos entre si”, explicou.
Segundo Rozane Campiol, diretora de Vigilância em Saúde, foi feita uma análise de 15 a 23 de março, que apontou uma média de 395 novos casos por dia, o mesmo que aconteceu nas outras duas semanas anteriores, mas que a partir da próxima semana deve iniciar um declínio. Os bairros com mais casos confirmados são o Cascavel Velho com 1.044, Periolo com 920 e o Morumbi com 919.
Clair Wagner, gerente da Divisão em Saúde Ambiental, reforçou o pedido para que a população faça a sua parte e elimine criadouros do mosquito. Ela lembrou que o trabalho de fumacê entrou na quarta etapa, mas a aplicação só mata o mosquito alado que esteja em circulação. “Se a pessoa não for lá, no seu quintal, e eliminar os criadouros, assim que concluir o processo do fumacê, aqueles ovos que estão ali vão eclodir e vão infestar novamente”, salientou.
A aplicação do inseticida ocorre sempre das 6h às 9h e das 16h às 22h, mas depende das condições climáticas, uma vez que muito vento e chuva impedem o trabalho. Ao todo, quatro veículos estão fazendo a aplicação e antes de passar o carro com o veneno, o carro de som passará pelos locais da aplicação com período de antecedência, informando a população sobre os cuidados.
A Sesau orienta que à população cubra gaiolas, animais de estimação, alimentos em geral, caixas da água e proteja pessoas com alergias e problemas respiratórios. A recomendação é que portas e janelas sejam abertas durante a aplicação e, apesar do nome, não há nenhuma fumaça dispersada no ar, mas partículas de inseticida, por isso, o procedimento só elimina o mosquito alado que está em circulação.
Caçambas
Clair Wagner disse ainda que durante a reunião semanal sobre a dengue, foi definida mudança na estratégia das caçambas, que serão colocadas em locais pontuais e não mais a pedido da comunidade como estava sendo feito, salvo se um líder comunitário solicitar uma ação específica. Caso contrário, a Prefeitura voltará a definir os locais de acordo com o índice de infestação e número de casos.
Atendimento exclusivo
O atendimento aos pacientes com sintomas de dengue segue de forma exclusiva nas seis unidades de saúde do Ipanema, Tio Zaca, Nova Cidade, Morumbi, Pioneiros Catarinenses e Presidente, das 7h às 19h, pelo menos até a próxima segunda-feira (8). Por conta dessa estratégia, os atendimentos eletivos nas unidades exclusivas de dengue seguem suspensos, com exceção das gestantes que permanecerão com suas consultas de rotina e aberturas de pré-natal.
Já vacinas, curativos e demais atendimentos médicos e multiprofissionais serão encaminhados para as unidades próximas que acolherão os pacientes dessas três unidades de saúde, inclusive a vacinação contra a gripe.
Além disso, tem o atendimento nas Upas (Unidades de Pronto Atendimento) e no Hospital de Retaguarda por meio do Ambulatório de Dengue. De acordo com o diretor do Hospital de Retaguarda, o médico Lísias de Araújo Tomé, o ambulatório atendeu somente de 6 a 31 de março mais de 5.431 pessoas, destes, 2.418 ficaram em observação e receberam soro e, com o agravamento dos sintomas da doença, 234 pacientes precisaram ser internados.
Toledo confirma a sétima morte e reforça vistoria com força policial
A Secretaria Municipal de Saúde de Toledo confirmou o sétimo óbito por dengue na cidade: uma pessoa de 80 anos, com comorbidades, morador do Jardim Porto Alegre. O Poder Público vem promovendo diversas ações com o intuito de diminuir os impactos da epidemia de dengue no município e, ontem (4), foi realizada ação pela Coordenação da Defesa Civil, em conjunto com a Secretaria de Segurança e Mobilidade Urbana e o 19º Batalhão da Polícia Militar, o Setor de Controle às Endemias vistorias em imóveis em situação de abandono, fechados ou onde foi impedida a entrada dos agentes de combate às endemias. Inicialmente, foram 10 imóveis onde foram esgotadas as tentativas para a entrada.