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Ataque do Hamas a Israel faz mundo voltar os olhos para o agro brasileiro

CASCAVEL/PR - 16-02-2011 - Plantação e colheita de milho no interior de Cascavel. Foto Jonas Oliveira
CASCAVEL/PR - 16-02-2011 - Plantação e colheita de milho no interior de Cascavel. Foto Jonas Oliveira

Como se já não bastasse a guerra travada entre Ucrânia e Rússia, um novo conflito armado e sangrento voltou a estremecer a paz mundial. No sábado, por volta das 6h30 (horário local), os israelenses foram despertados por mísseis lançados pelo grupo palestino denominado Hamas. Os ataques surpresas foram concentrados na parte sul da Faixa de Gaza. Desde sábado, já são 1,4 mil mortes (900 em Israel e 500 em Gaza).

Na segunda-feira, terceiro dia de conflito, o preço do barril do petróleo avançou 3,8%. O Brent, utilizado como referência para as petroleiras brasileiras, era negociado a US$ 87,75. Por sua vez, o WTI, negociado nos Estados Unidos, subiu 4,11%, chegando a US$ 86,19. Investidores estão preocupados com essa onda de violência, mesmo sabendo que Israel não é um grande produtor de petróleo. Em contrapartida, aquela região é considerada uma das maiores produtores de commodities do mundo.

Para entender melhor os impactos dessa tensão vivida no Oriente Média e seus impactos no agronegócio do Brasil, a reportagem do Jornal O Paraná conversou com o consultor em gerenciamento de riscos da StoneX, Leonardo Martini Lima. “Qualquer conflito no Oriente Médio vai gerar impactos diretos em relação ao barril de petróleo e esse cenário de mudança já começa a ser observado, inclusive envolvendo as commodities correlatas”, descreve. “O preço da saca do milho e do trigo tende a subir no mundo e, obviamente, esse reflexo também será sentido no Brasil”.

Esse aumento só não começa a ser sentido de maneira mais intensa por conta do feriado bancários nos Estados Unidos. “O câmbio tende a sofrer esses efeitos ao longo da semana”. Se a guerra ganhar proporções maiores, a escalada de preços é algo inevitável, assim como ocorreu no início do embate entre Rússia e Ucrânia.

Em resumo, são dois conflitos simultâneos diretamente ligados ao petróleo. “A Rússia também tem uma grande importância na produção do combustível fóssil e tudo isso deixa o mundo extremamente focado no que pode acontecer e, obviamente, também, o trigo e o milho estão entre as commodities que acabam sendo afetadas por um movimento mais forte”.

Agora, há um ponto crucial de todo esse embate e seus impactos diretos no Brasil. “Se lá fora eu tenho problemas e uma escalada de preços mundiais, a produção brasileira se torna mais barata. Temos muito milho sendo exportado nesse momento. O Brasil acabou ficando uma origem destes produtos mais em conta e já percebemos o crescimento do volume de exportação”.

Para Leonardo Martini Lima, trata-se de um cenário um pouco mais altista no fim de ano com relação aos preços dessas commodities, por conta da escalada do conflito. Em suma, a guerra, de certa forma, favorece o Brasil, que vai acabar exportando mais aos países carentes dessas matérias primas “por conta da escalada de preços de milho e o cenário externo, além do fator câmbio”. Na ótica do consultor da StoneX, o Brasil é uma origem mais barata desses grãos em comparação com os Estados Unidos e a Argentina, provocando a aceleração das exportações nacionais. Outro fator positivo para a produção brasileira é a guerra entre Rússia e Ucrânia, tornando-as com dificuldade de exportar e levando os outros países a aquecer o mercado de exportação nacional.

No campo dos insumos, o Brasil tem Israel como tradicional parceiro comercial e pode enfrentar alguns desafios no mercado interno ante a possibilidade de interrupção no fornecimento de insumos, como por exemplo, adubos.

Foto: Arquivo/AEN