Política

Em Foz, meta é diversificar a matriz econômica, diz Chico

O prefeito reeleito Chico Brasileiro prevê mudanças na matriz econômica

Em Foz, meta é diversificar a matriz econômica, diz Chico

Um dos principais destinos turísticos do mundo, Foz do Iguaçu é uma das cidades do Paraná mais prejudicadas com a pandemia do novo coronavírus, inclusive devido às medidas de contenção, com restrição de horários, redução de voos e até fechamento de alguns estabelecimentos.

Os atrativos turísticos chegaram a ficar quase três meses fechados. A fronteira com o Paraguai só foi reaberta na metade de outubro e a da Argentina segue fechada, sem previsão de mudanças.

Apesar dos desafios, aos poucos o número de visitantes volta a crescer e a ocupação dos hotéis vai registrando aumento na procura.

Como consequência, o Município teve o maior saldo de empregos fechados e, apesar da reação dos últimos três meses, ainda não conseguiu voltar ao nível pré-pandemia.

Diante de tantos desafios, o prefeito reeleito Chico Brasileiro prevê mudanças na matriz econômica, estimulando maior diversificação. Contudo, ele mostra otimismo e confiança na força de recuperação da iniciativa privada e da própria população.

Chico toma posse neste dia 1º, em sessão restrita na Câmara de Vereadores devido à pandemia. A expectativa é quanto à divulgação da equipe de governo, mantida em segredo até agora. Nem mesmo sua assessoria soube confirmar se o anúncio seria feito logo após a posse.

O Paraná – O senhor reassume o segundo mandato dia 1º de janeiro. Quem é o Chico de agora comparado àquele que assumiu quatro anos atrás?

Chico Brasileiro – Na administração pública, bem como na vida, devemos estar aptos a aprender sempre e a ter a humildade de reconhecer que não sabemos tudo sobre todos os assuntos. Isso é uma certeza que carrego comigo. Embora o poder de decisão seja do chefe do Executivo, nossas decisões sempre são embasadas em muitas conversas com especialistas de cada área. Nessa caminhada de quatro anos, aprendi muito e, agora, iniciando um segundo mandato, fico grato de perceber que, dessa forma, avançamos muito. Se fosse preciso resumir, poderia dizer que estou mais seguro e maduro no trato da gestão.

 

O Paraná – Foz do Iguaçu é uma das cidades mais prejudicadas economicamente com a pandemia, seja na iniciativa privada seja na arrecadação pública. Quais erros e acertos o senhor aponta neste último ano?

Brasileiro – Sempre que formos analisar as questões relativas ao ano de 2020, precisamos fazer isso dentro de uma linha do tempo. Tenho um orgulho imenso de termos tomado as medidas nas horas certas e o reflexo disso pode ser medido, por exemplo, na taxa de letalidade da covid-19 em Foz, que se mantém 50% menor que a do resto do País. Pode ser medido também na quantidade de exames que realizamos desde o início da pandemia em nosso laboratório municipal, enfim, nós nos preparamos para tratar as pessoas, salvamos vidas e investimos na estruturação permanente de nossa saúde, evitando desperdícios. Quanto à questão econômica, de fato Foz do Iguaçu possui uma matriz econômica que necessita da presença do turista, seja ele estrangeiro ou nacional, e essa presença ficou bem evidente que independe de ações do poder público, que não seja exclusivamente no sentido de preservar o nome da cidade com uma boa situação de saúde.

 

O Paraná – Na ocasião da reabertura da ponte, em outubro, prefeitura e governo estadual elaboraram um plano de contingência, pedindo suporte da União. Já houve alguma resposta? Alguma ação prevista foi implementada?

Brasileiro – Os governos estadual e federal estão sendo bons parceiros do Município nesta crise. Embora a maior parte dos custos elevados da manutenção do Hospital Municipal permaneça a cargo da prefeitura, muitos equipamentos foram disponibilizados, o que nos ajudou a proporcionar um número maior de leitos. Também estamos na iminência de conseguir captar mais médicos para o Município por meio dessas parcerias, o que é uma ajuda muito grande.

 

O Paraná – As finanças públicas municipais tiveram a maior queda de toda a região. O que precisará ser revisto para 2021 para não comprometer o caixa?

Brasileiro – O ano de 2021, com certeza, terá menos investimentos em infraestrutura do que gostaríamos. Com certeza, essa será uma constante não só na nossa região, mas em boa parte do mundo. Todos os governos estarão ainda focados nas questões relacionadas à pandemia. A melhor previsão é que estejamos saindo da pandemia no fim do primeiro semestre, ou seja, ainda temos um longo caminho e muita coisa a ser recuperada até podermos projetar uma economia de forma positiva.

 

O Paraná – O Município de Foz mantém um déficit grande de demissões ocasionadas pela pandemia. Qual é o plano para tentar aliviar a crise e estimular a retomada da economia no ano que vem?

Brasileiro – A cidade já começou a recuperar empregos, foram cerca de mil novas vagas entre os meses de setembro e outubro, segundo o Caged, boa parte disso impulsionada pelo programa Foz Juro Zero, que injetou mais de R$ 12 milhões na cidade. Estamos trabalhando também em um grande projeto de Start Ups e estamos criando condições para transformar nosso distrito industrial em um importante polo de logística e beneficiamento. Todas essas ações, somadas à recuperação natural da atividade de turismo, em breve, nos apresentarão um quadro positivo se comparado aos números anteriores à pandemia.

 

O Paraná – Já definiu sua equipe de governo? Pretende reaproveitar alguém do quadro atual? Quem?

Brasileiro – Temos quase tudo definido, sim, mas esse anúncio acontecerá no momento oportuno.

 

O Paraná – Quais as principais carências hoje de Foz? E os pontos fortes?

Brasileiro – A principal carência que se mostrou evidente com a crise da covid-19 foi a diversificação da matriz econômica, por isso estamos focados em prover a cidade com mais opções, o que também irá refletir na arrecadação do Município e ser transformado em serviços públicos. Com a geração de mais empregos, pretendemos também diminuir problemas que são vetores em todo o País, como a pobreza e a falta de moradia.

Os pontos fortes de Foz do Iguaçu são suas belezas naturais, seu povo, suas etnias formadoras e o grande mosaico que está sendo construído com esses itens que transformam a cidade em um grande destino turístico. O poder público está dando condições e colocando a infraestrutura e a iniciativa privada e a população, de forma geral, trabalham diariamente para criar essa atmosfera positiva e progressista.

 

O Paraná – O que pretende repetir da primeira gestão? E o que não vai mais repetir?

Brasileiro – Nesses quatro anos, fizemos questão de estarmos perto da comunidade, sempre visitando os bairros, recebendo representantes e levando os serviços da prefeitura até as comunidades. Fizemos isso também com o orçamento participativo, isso, passado a pandemia, é um laço que pretendemos intensificar. Quanto ao que não iremos repetir é difícil dizer, estamos em constante avanço e evolução e é certo que muita coisa acontecerá de forma diferente.