Policial

PEC abre procedimento para investigar morte de preso

O detento pode ter sofrido algum tipo de agressão e a suspeita é de que ela tenha vindo de outros presos

Cascavel – O caso de um preso de 22 anos que estava na PEC (Penitenciária Estadual de Cascavel) nesta semana, que chegou a ser levado para o Hospital Universitário mas acabou morrendo quatro dias depois, pode ter novos desdobramentos. A princípio, a causa da morte teria sido uma úlcera gástrica, mas denúncias dão conta de que o detento pode ter sofrido algum tipo de agressão e a suspeita é de que ela tenha vindo de outros presos.

Segundo o Depen (Departamento Penitenciário do Paraná), “o custodiado solicitou atendimento médico no dia 4 de abril, pois relatava sentir dores no estômago. Ele foi atendido pelo setor de enfermagem e encaminhado para o Hospital Universitário, onde passou por procedimento cirúrgico e acabou falecendo no dia 8 de abril. Não havia sinais de agressão em seu corpo. A direção da unidade penal aguarda o resultado do exame de necropsia. De qualquer forma, como de praxe, um procedimento administrativo foi aberto para apurar o caso”.

A reportagem do Jornal O Paraná apurou que esse preso teria sido agredido devido a dívidas vultosas que tinha com traficantes que pertencem a uma facção criminosa e estão na PEC. Outros detentos já teriam presenciado as cobranças diversas vezes, inclusive com ameaças.

Inclusive a carta de presos trazida à imprensa durante a semana, divulgada um dia antes da morte do preso, pode ter sido criada para encobrir o crime. Na carta, um preso relata a falta e a demora no atendimento médico dentro da unidade penal.

Necropsia

O Jornal O Paraná teve acesso ao atestado de óbito do rapaz. Entre as causas da morte estão uma sepse foco gastroabdominal que se trata de uma infecção generalizada e ocorre quando um quadro de infecção é agravado sem que o organismo consiga combatê-lo. Entre os itens que mais chamam a atenção está uma peritonite química, que corresponde a uma inflamação do peritônio, em uma membrana que reveste as paredes do abdômen e dos órgãos. Pode ser causada por uma infecção fúngica ou bacteriana, mas também pode ser originada por um processo não infeccioso, como a perfuração do abdômen.

A terceira causa associada seria a úlcera péptica perfurada, que corresponde a uma lesão no revestimento do estômago.

A reportagem apurou ainda que o preso não tinha sinais visíveis de agressão pelo corpo, o que foi confirmado pelo Depen, mas que técnicas usadas por detentos, especialmente faccionados, permitem agressões severas que não deixam marcas. Nesses casos, as lesões costumam ser internas.

Uma técnica usada é envolver o agredido em um cobertor ou em uma toalha e espancá-lo com sabonetes revestidos em panos, arremessadas com violência contra o corpo.

No ano passado o Jornal O Paraná divulgou que presos da cadeia em Toledo foram obrigados a beber um composto formulado por eles mesmos e que os levou a óbito em questão de horas e cujos sinais são de um ataque cardíaco.

Reportagem:Juliet Manfrin