O CRAM (Centro de Referência e Atendimento à Mulher), órgão que trata exclusivamente de casos de violência de gênero em Foz do Iguaçu, atendeu 1.200 mulheres em 2018, cem a mais do que no ano anterior, período em que foram registrados 1.100 casos. A cada mês, são cem novas situações de violência contra a mulher no município registradas oficialmente.
Durante 2018, foram 4.715 ocorrências policiais com vítimas mulheres. Comparado a 2017, que teve 4.264 casos, o aumento desse número foi de mais de 10,5%. Os dados são da CAPE (Coordenadoria de Análise e Planejamento Estratégico), órgão da Secretaria de Estado da Segurança Pública e Administração Penitenciária.
As principais ocorrências levantadas pelo órgão estadual de segurança pública são de ameaça (1.373) e lesão corporal/violência doméstica e familiar (694). Em seguida, estão os casos de injúria (526), furto qualificado (504) e lesão corporal (359). Estupro de vulnerável gerou 16 ocorrências; e estupro/atentado violento ao pudor, 13.
Para Kiara Heck, coordenadora do CRAM, não houve aumento da violência, mas sim do número de denúncias formalizadas. “Ocorre um encorajamento das mulheres em denunciar as violências sofridas. Isso se deve ao aumento na divulgação do tema e dos trabalhos de combate e prevenção a todas as formas de violência de gênero”, enfatiza.
Marcha das Mulheres
O enfrentamento à violência doméstica e ao feminicídio é a principal pauta da Marcha do Dia Internacional de Luta das Mulheres, que acontecerá nesta sexta-feira, (8), em Foz do Iguaçu. A concentração será às 18h, no Bosque Guarani, com caminhada pelo centro até a Praça da Paz, onde acontecerá ato público.
Neste ano, a mobilização é organizada por cerca de 30 coletivos e entidades iguaçuenses. Além do enfrentamento à violência contra a mulher, a marcha defende igualdade salarial, trabalho decente e direitos trabalhistas. O movimento é contra a reforma da Previdência, em trâmite no Congresso Nacional, pois a proposta impõe restrições à aposentadoria das mulheres.
“Destacamos a união contra a violência de gênero, que não é um fenômeno isolado, pois atinge de forma intensa a sociedade e reflete diretamente, de forma negativa, na formação das pessoas que são criadas em lares e ambientes violentos”, frisa Danielli Becker, secretária de Comunicação da APP-Sindicato/Foz.
Para a educadora, a Marcha das Mulheres é um espaço de participação cidadã. “É um momento de denúncia e conscientização. Por isso, convidamos todas as pessoas – homens e mulheres, crianças, famílias, estudantes, trabalhadores e trabalhadoras – para participarem da mobilização”, convida Danielli.
Por Marielle, por todas as mulheres…
Com o lema “Pela vida das mulheres, somos todas Marielle!”, a Marcha do Dia Internacional de Luta das Mulheres reconhece e valoriza a trajetória e o trabalho diário de mulheres que enfrentam todas as formas de injustiça e violência. Em março completa um ano da execução da vereadora Marielle Franco, do Rio de Janeiro (RJ), sem que o crime tenha sido elucidado.
Nas Três Fronteiras, a marcha no Dia Internacional da Mulher acontecerá simultaneamente nas cidades de Foz do Iguaçu (Brasil), Ciudad del Este (Paraguai) e Puerto Iguazú (Argentina). A mobilização nos três países possui reivindicações específicas de cada realidade, mas está unificada pela luta contra a violência de gênero.
Ajuda, orientação e atendimento
Em Foz do Iguaçu, mulheres de todas as idades vítimas de violência física, psicológica, patrimonial, entre outras, podem obter orientação e atendimento gratuito do CRAM. O órgão reúne profissionais preparados, abrangendo assistente social, psicóloga, pedagoga e educadoras.
O CRAM fica na Rua Padre Bernardo Plate, 1.250, no Polo Centro. Os telefones são: (45) 3526-8857 e 0800-643-8111.