INVESTIGAÇÃO

Crime cibernético: Adolescente de Cascavel era chantageada e obrigada a cumprir tarefas

Foto: PCPR
Foto: PCPR

Cascavel - A facilidade de conhecer pessoas de todos os lugares do mundo, por meio de diversas plataformas sociais tem deixado cada vez mais as crianças e adolescentes à mercê de pessoas não tão bem intencionadas do outro lado da tela. A possibilidade de troca de informações acaba expondo a vida, rotina e até a intimidade de muitas crianças sem que os pais ou responsáveis tenham conhecimento sobre isso, e muitas vezes o envolvimento traz graves consequências.

Um caso de bastante gravidade expôs uma situação vivida por uma menina de Cascavel de apenas 13 anos, que há um ano vinha sofrendo com um relacionamento abusivo que começou com uma simples amizade por meio de jogos de plataformas online. O caso foi levado pela família até o Nucria (Núcleo de Proteção à Criança e ao Adolescente Vítimas de Crimes) responsável pela investigação de crimes contra crianças e adolescentes, como violência física, psicológica e sexual

Segundo a delegada do Nucria, Thais Zanatta, na época em que chegou a denúncia a menina tinha apenas 12 anos e contou que o contato com o criminoso iniciou por meio de jogos, passando depois para uma plataforma de conversa e na sequência por meio do WhatsAap. Com o envolvimento, o criminoso fez a criança posar nua e com as fotos passou a chantagear a menina repassando tarefas diárias, como tomar água do vaso sanitário, que cortasse os pulsos e até obrigando a deitar no chão gelado.

“Ela viveu um verdadeiro inferno passando uma série de humilhações e de tortura psicológica”, explicou Zanatta. Segundo ela, os pais tiraram o aparelho celular da menina por um bom tempo e há cerca de um mês devolveram o aparelho, mas em seguida, ele descobriu o novo número com a ajuda de um colega de sala de aula dela, que estava passando informações sobre a vítima, sendo que o pai deste menino também não sabia. 

“É de extrema importância que os pais fiscalizem o celular, os jogos, redes sociais e todos meios de comunicação que seus filhos estejam utilizando. Acompanhem isso, para que outros tipos de situações como esta não venham a ocorrer”, reforçou a delegada.

Devido aos trabalhos de diligências da delegacia, o criminoso, que tem 18 anos, foi identificado e preso em flagrante na cidade de São José dos Pinhais, região metropolitana de Curitiba, na última sexta-feira (8).

O jovem vai responder pelos os crimes de armazenamento, divulgação, por expor a criança a vexame e pelo delito de constrangimento ilegal por entrar em contato com a família. Além disso, ele também ameaçava a menina alegando que frequentava a mesma denominação religiosa da família da menor. Ele foi detido com apoio do Tigre (Tático Integrado de Grupos de Repressão Especial) da Polícia Militar do Paraná.

Coerção psicológica

Segundo a PCPR (Polícia Civil do Paraná) este tipo de situação é enquadrado como um sistema de coerção psicológica, criando um esquema de “dívidas” de videochamadas e realizando ameaças contra a família da vítima. Neste caso, para manter o controle, o criminoso chegou a apresentar documentos de identificação dos pais da menor, intensificando as intimidações. Durante o período investigativo, o suspeito demonstrou alta capacidade de adaptação, utilizando múltiplos números telefônicos e diferentes plataformas digitais para burlar a identificação. 

“Em caso de condenação, o investigado pode ser sentenciado a até 13 anos de prisão, considerando o somatório das penas máximas previstas para os crimes praticados”, explicou a delegada.

As investigações prosseguem para identificar demais possíveis vítimas e outros envolvidos na empreitada criminosa. A PCPR solicita que famílias que identifiquem situações similares procurem imediatamente o Nucria para registro de ocorrência e acompanhamento especializado. 

Denuncie

A PCPR reforça o compromisso com a proteção de crianças, adolescentes e mulheres vítimas de violência.  Denúncias podem ser repassadas de forma anônima pelos telefones 197, da PCPR ou 181, do Disque-Denúncia.

Se o crime estiver acontecendo neste momento, a Polícia Militar deve ser acionada pelo telefone 190.