Policial

Costa Oeste vira rota aérea do tráfico

Quadrilhas transportam até 45 toneladas de cocaína por semana por aeronaves

Helicóptero que transportava cocaína é apreendido em canavial em Presidente Prudente, interior paulista — Foto: Divulgação/PF-SP/ Arquivo
Helicóptero que transportava cocaína é apreendido em canavial em Presidente Prudente, interior paulista — Foto: Divulgação/PF-SP/ Arquivo

Reportagem: Juliet Manfrin 

Cascavel – O monitoramento da fronteira do Brasil com o Paraguai feito por forças de segurança por toda a região oeste do Paraná captou a intensificação de voos irregulares com carregamento de drogas, armas e munições. Como são aeronaves de pequeno porte e voam abaixo da linha dos radares, não são percebidos pela FAB (Força Aérea Brasileira).

Ao menos 30 quadrilhas fazem ao menos três por semana.

Já consolidada como rota terrestre para o tráfico e o contrabando, há cerca de dez anos a então chamada Rota Caipira tinha no oeste do Paraná uma importante aliada nessa logística: pistas clandestinas, sobretudo em municípios beira-lago de Itaipu, de onde os aviões partiam quase que diariamente.

Ante à intensificação da fiscalização, os traficantes se aprimoraram. As pistas na região praticamente desapareceram e agora eles usam aeronaves mais modernas que saem da região do Chaco, no Paraguai, e, com tanques extras de combustível, voam direto até o interior de São Paulo. Cada carregamento leva, em média, 500 quilos de cocaína, numa média de 45 toneladas por semana, além de armas e munições que abastecem o crime organizado de Norte a Sul do País.

Sem ação

Apesar de todas as informações, as forças têm dificuldades para desarticular o esquema. Isso porque, além de bem traçado, ele conta com um forte esquema de monitoramento de áreas e diversificação de espaço de voo, ou seja, rotas alternativas, assim como os locais de pouso no interior paulista. “Basta ter uma estrada de chão, um canavial, uma plantação qualquer… que vira uma grande pista de pouso de dia ou à noite”, revela um agente de segurança que investiga a movimentação.

Contudo, nem toda droga vem do Paraguai. Ela entra ali oriunda de países andinos para que possa facilitar o acesso ao Brasil e, posteriormente, para o mundo. Hoje, os principais fornecedores dos bandos brasileiros que abastecem o planeta são quadrilhas bolivianas.

PCC

O esquema bem estruturado revela outra expertise desses grupos. Após inúmeros flagrantes em terra, a logística para o pouso em solo brasileiro vem sendo terceirizada a um grande conhecido das forças de segurança: o PCC (Primeiro Comando da Capital) domina esse tipo de transporte, feito com batedores e um fortíssimo esquema de segurança. “Esses traficantes só ficam sabendo para onde a droga vai minutos antes da entrega. Isso inclui as grandes remessas flagradas nos portos [de Santos e de Paranaguá] que tinham como destino a Europa”, revela o agente.