Opinião

Um contingente em risco

Por Carla Hachmann

Dados de agências da ONU (Organização das Nações Unidas) revelam que 20 milhões de crianças em todo o mundo não foram vacinadas contra doenças como o sarampo, a difteria e o tétano em 2018. As informações foram divulgados ontem pela OMS (Organização Mundial da Saúde) e pelo Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância), que alertam: mais de um em cada dez menores em todo o planeta estão em risco.

Embora boa parte das crianças não vacinadas viva em países mais pobres do mundo e não tem acesso à proteção, outro tanto está em nações onde cresce o movimento sem vacina.

No caso das nações em conflito, se essas crianças ficarem doentes, correm o risco de sofrer as consequências mais graves para a saúde e têm menor oportunidade de acesso a tratamentos e cuidados de saúde que salvam vidas.

Mas por todo o mundo, a falta de imunização põe em risco não apenas o pequeno, mas todo um contingente ao seu redor, que passa a ficar exposto ao vírus.

Um dos casos mais absurdos é o do sarampo. Em 2018, quase 350 mil casos de sarampo foram registrados em todo o mundo, mais do dobro do que em 2017. E o Brasil está entre eles, o qual, inclusive, corre o risco de perder o status de país livre da doença. Pior: o sarampo mata. Oito mortes foram confirmadas ano passado.

Outro exemplo é a Ucrânia, que, apesar de ter vacinado mais de 90% de seus bebês, a cobertura foi baixa durante vários anos, deixando um grande número de crianças mais velhas e adultos em risco.

E há ainda várias nações com alta incidência e cobertura com grupos significativos de pessoas que não foram vacinadas contra o sarampo no passado. Essa situação “demonstra como a baixa cobertura ao longo do tempo ou comunidades distintas de pessoas não vacinadas podem desencadear surtos mortais”, alerta a ONU.