Educação

Três a cada 10 brasileiros são analfabetos funcionais

Indicador de Alfabetismo Funcional (Inaf) continua mostrando baixos níveis de proficiência de alfabetismo no Brasil

A nova edição do Indicador de Alfabetismo Funcional (Inaf) confirma tendência os últimos anos: embora a escolaridade média da população brasileira continue aumentando, não houve aumento no número de brasileiros com alfabetismo hábil. O estudo mostra ainda que a proporção de analfabetos funcionais se mantém no mesmo patamar das últimas edições: três em cada 10 brasileiros são analfabetos funcionais, ou seja, têm limitações de leitura, escrita; dificuldade com operações matemáticas em situações da vida cotidiana e dificuldade em reconhecer informações em um cartaz ou folheto ou ainda fazer operações aritméticas simples.

Os números desta mais recente edição do Inaf são baseados em dados coletados entre fevereiro e abril de 2018. A pesquisa foi coordenada pela Ação Educativa e Instituto Paulo Montenegro e realizada pelo IBOPE Inteligência. A gestão do projeto é da Conhecimento Social – estratégia e gestão. "Desde 2001, quando iniciamos o estudo, houve grandes avanços na escolaridade da população estudada: a proporção de pessoas entre 15 e 64 anos que chegam ao ensino médio aumentou de 24% para 40% e das que chegam ao ensino superior passou de 8% para 17%; inversamente, a parcela da população nessa faixa etária que estudou no máximo até os primeiros anos do ensino fundamental (o antigo Primário) cai de 40% para 21%", contextualiza a fundadora da Conhecimento Social e coordenadora do Inaf 2018, Ana Lucia Lima. "Por isso é preocupante que não estejamos registrando incrementos mais significativos nos níveis mais altos de alfabetismo", acrescenta.

Escolaridade

Os resultados de 2018 confirmam que quanto mais alta a escolaridade, maior a proporção de pessoas nos níveis mais altos da escala Inaf. "Essa relação não ocorre de maneira absoluta ou linear: há uma significativa proporção de pessoas que, por exemplo, mesmo tendo chegado ao ensino médio e ao superior, não conseguem alcançar os níveis mais altos da escala de alfabetismo, como seria esperado para esses níveis de escolaridade", diz Roberto Catelli, coordenador executivo adjunto da Ação Educativa.

De acordo com o Inaf, 13% daqueles que chegam ou concluem o ensino médio podem ser caracterizados como analfabetos funcionais e apenas um terço (34%) dos que atingem o nível superior podem ser considerados proficientes, o nível mais alto. Quanto aos que ingressaram ou concluíram o ensino superior, 96% são considerados funcionalmente alfabetizados, mas apenas 34% alcançaram o nível proficiente.

Ao retratar os níveis de alfabetismo da população brasileira adulta, esta edição 2018 do Inaf, a décima desde 2001, permite acompanhar a evolução da série histórica e, ao mesmo tempo evidencia a necessidade de estratégias que aumentem a inclusão de mais pessoas à cultura letrada, à informação, e à participação social e política.