Política

Toledo/Marechal e Cascavel/Marmelândia: Sem orçamento, futuro da BR-163 é incerto

Bancada paranaense se reúne em Brasília nesta semana para tentar reverter quadro; na melhor das hipóteses, duplicações ficam para 2021

Toledo/Marechal e Cascavel/Marmelândia: Sem orçamento, futuro da BR-163 é incerto

Reportagem : Juliet Manfrin 

Marechal Cândido Rondon – Iniciadas em 2015 com a previsão de que estariam completamente concluídas e liberadas para tráfego ainda em 2018, os trabalhos nas em dois trechos da BR-163 na região oeste deverão parar novamente e agora sem data para a retomada dos serviços.

A regra vale para o trecho de Toledo a Marechal Cândido Rondon, de 38,9 quilômetros, orçado em R$ 306 milhões, mas que ainda depende de quase R$ 150 milhões para ser concluído; e para os 73,4 quilômetros de Cascavel a Marmelândia, orçados em R$ 579 milhões, dos quais faltam ainda cerca de R$ 200 milhões para serem repassados.

O problema é que não há previsão de recursos para este ano, nem para o ano que vem. Líderes regionais buscam uma forma de viabilizar ao menos parte da verba, nem que seja em 2020.

Por conta disso, já é dada como certa a paralisação das obras neste ano, atrasando ainda mais o calendário, que previa para o fim do ano que vem a entrega das novas pistas.

Para líderes regionais, na melhor das hipóteses, por enquanto, o fim dos trabalhos pode ficar para 2021, para então entrar no pacote de concessões. “Os trechos só podem ser privatizados se estiverem concluídos, não há previsão de o governo privatizar para que as empresas concluam essas duplicações”, avalia o deputado federal José Carlos Schiavinato.

Assim, as obras que juntas somam R$ 885 milhões, ainda precisariam de cerca de R$ 350 milhões.

Contingenciamento

Em uma reunião na semana passada, Schiavinato foi alertado pelo diretor-geral do Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes), general Antônio Leite dos Santos Filho, que os dois trechos vão parar porque o contingenciamento de recursos reduziu o orçamento do Dnit para obras como essas de R$ 22 bilhões para R$ 12 bilhões.

Sem previsão de liberação de verbas, a interrupção deverá ocorrer em poucos dias no trecho da BR-163 entre Cascavel e Marmelândia e provavelmente mês que vem no trecho de Toledo a Marechal Cândido Rondon. “Não adianta, não tem recurso e não há previsão de que as obras voltem a ser colocadas no orçamento, nem do ano que vem. A bancada paranaense deverá se reunir nesta semana para ver o que pode ser feito e tentar ao menos parte das verbas para essas estruturas, para que sejam retomadas pelo menos em 2020”, afirma o deputado, que acrescenta: “Não tem verbas, a situação em Brasília está difícil, o governo federal não tem recursos”.

Demissões se acentuam no trecho de Cascavel a Marmelândia

 

Diante das informações extraoficiais de que os serviços seriam interrompidos, o Jornal O Paraná aguarda há quase um mês respostas da Superintendência do Dnit no Paraná, mas até o fechamento desta edição ainda não havia obtido respostas.

A reportagem apurou que no trecho de Cascavel a Marmelândia as equipes estão sendo reduzidas sistematicamente nas últimas semanas. O grupo que trabalhava à noite já foi desligado e os trabalhos aos sábados interrompidos.

Um comerciante que fornece refeições à empresa responsável pela obra contou que estão sendo enviadas cerca de 30 marmitas a menos por dia e que os contratos de trabalho não estão sendo renovados. “O que os trabalhadores nos falam é que estão pegando obras em outros lugares porque aqui está acabando o dinheiro”, disse o empresário.

Segundo o deputado José Schiavinato, as verbas para esse trecho já teriam chegado ao fim. Eram os R$ 45 milhões empenhados no início do ano. Havia ainda outros R$ 136 previstos na LOA (Lei Orçamentária Anual), mas que estão bloqueados.

Já no trecho entre Toledo e Marechal Rondon os serviços seguem em pelo menos três frentes de trabalho. A última verba liberada que se tem confirmação do Dnit foi de R$ 4,1 milhões há cerca de três meses.

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