Agronegócio

Safra x estiagem: especialista estima quebra de 20% na produtividade no oeste  

Na regional da Seab de Cascavel, a área de soja cultivada é de 500.520 hectares, o que corresponde a 97% da área estimada para a cultura

Safra x estiagem: especialista estima quebra de 20% na produtividade no oeste   

Reportagem: Cláudia Neis

Cascavel – O plantio de soja na região oeste do Paraná ainda não foi concluído e especialistas já preveem quebra na produtividade. A previsão é baseada na estiagem severa que assola o Estado, responsável pelo atraso. “A situação das lavouras está bem complicada. Há áreas na região de Cascavel em que os produtores ainda não finalizaram o plantio, outras que precisaram ser replantadas. A falta de chuva e o atraso já vão refletir na produtividade. Acredito que já podemos estimar quebra de cerca de 20% na região. Quanto mais tarde se planta, mais a produtividade cai. O período ideal é no mês de outubro até o início de novembro. Claro que a falta de umidade na germinação também impacta muito”, explica Daniel Galafassi, engenheiro agrônomo e conselheiro federal eleito do Crea-PR (Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Paraná).

Galafassi alerta para a necessidade de normalização das chuvas para garantir que a planta se desenvolva e os prejuízos não sejam maiores que os já estimados: “Toda fase da planta precisa de umidade, desde a germinação até a floração. No momento da floração e da frutificação, que é quando ocorre a formação da vagem, é preciso que haja umidade suficiente para que a planta não aborte o grão. Então, mesmo após esse período de plantio, precisamos que a chuva normalize”, ressalta.

 Cascavel

Na regional da Seab (Secretaria Agricultura e Abastecimento) de Cascavel, a área de soja cultivada é de 500.520 hectares, o que corresponde a 97% da área estimada para a cultura. A qualidade tem maior percentual, 60% com classificação boa, 30% média e 10% ruim. A maior parte das lavouras registra plantas em fase de desenvolvimento vegetativo, o que corresponde a 73% do total, 15% ainda está em fase de germinação, mas 12% delas já estão em fase de floração.

Já em relação ao milho, ainda restam 5% dos 21 mil hectares previstos para serem plantados. O que chama atenção é o percentual de lavouras com qualidade média (70%), 20% é classificada como boa e 10% ruim. Nas lavouras de milho, também já existem áreas em que as plantas estão em fase de floração, até o momento, apenas 1% delas. Outros 66% estão em fase de desenvolvimento vegetativo e ainda 33% germinação.

Toledo

Na regional da Seab de Toledo, 95% da área estimada já está plantada, o que corresponde a 462.574 hectares. A qualidade das lavouras se divide em 45% boas, 45% médias e 10% ruins. O maior percentual das lavouras está em desenvolvimento vegetativo, o que corresponde a 87%, outros 10% ainda em fase de germinação e 3% já iniciam a floração.

Já em relação ao milho, todos os 3.390 hectares estimados já foram plantados. A qualidade das lavouras está dividida em 70% boa e 30% média e 95% das áreas se encontram em desenvolvimento vegetativo e 5% germinação.

Paraná

Já no Estado, o plantio da soja alcançou 92%, com 5.112.421 hectares cultivados. A qualidade das áreas se divide em 70% boa, 27% média e 3% ruim. As lavouras registram 81% das plantas em desenvolvimento vegetativo, 15% germinação e 3% floração.

Já a área de milho tem 98% do plantio concluído, são 353.408 hectares já semeados. A qualidade das áreas é dividida em 71% boa, 25% média e 4% ruim. 84% das áreas têm plantas em desenvolvimento vegetativo, 11% em floração e 4% germinação.

Impacto no milho safrinha

O atraso no plantio da soja e do milho também vai impactar no plantio do milho safrinha, no próximo ano. Mas Daniel Galafassi se mostra otimista com relação ao investimento do produtor na cultura, uma vez que já existe um planejamento para tal e o preço pago pelo grão deve continuar em alta. “Acredito que não deve haver uma redução de área plantada do milho safrinha, porque, com o preço atrativo e o produtor já tendo reservado semente e insumos, ele deve plantar mesmo que fora do período de zoneamento da cultura. Ainda é cedo para traçar um panorama sobre o plantio, mas, com base nos elementos atuais, não vejo redução”, observa.