Cotidiano

ROUBO DE CARGAS: Sindicato apela à Amop por leis de prevenção

O objetivo é fazer com que todo o Paraná seja coberto por leis municipais

Reportagem: Juliet Manfrin

Cascavel – O Sintropar (Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas e Logística do Oeste do Paraná) entrega nos próximos dias um pedido à Amop (Associação dos Municípios do Oeste do Paraná) para que os 54 prefeitos atuem para criar leis municipais que ajudem no enfrentamento de roubos e furtos de cargas, especialmente nas respectivas receptações.

A falta de legislação mais punitiva tem feito com que setores que representam a classe, ligados à Fetranspar (Federação das Empresas de Transporte de Cargas do Estado do Paraná), unam-se por todo o Estado para reivindicar medidas mais severas contra receptores de produtos roubados, como cassação de alvarás e de CNPJ. Por enquanto, lembra o presidente do Sintropar, Wagner Adriani Pinto, apenas três municípios no Estado possuem leis específicas e um deles é Cascavel, onde esse projeto nasceu.

O objetivo é fazer com que todo o Paraná seja coberto por leis municipais que desestimulem essa cadeia criminosa. Isso porque, além das ações registradas na própria região, um assunto volta a preocupar muito as 1.532 transportadoras da região e os mais de 20 mil caminhoneiros autônomos: a falta de segurança.

“Esse é um segmento que somente no oeste responde por um faturamento anual de mais de R$ 30 bilhões, gera mais de 128 mil empregos diretos e as mais de 1,5 mil empresas possuem uma frota de 55 mil veículos rodando, mas com leis que o deixam a descoberto”, reforça o presidente do Sintropar.

A Sesp (Secretaria de Estado de Segurança Pública) foi procurada para falar sobre o assunto, mas até o fechamento da edição não havia manifestado sobre o tema.

Falta de segurança

Além dos problemas relacionados à polêmica tabela do frete, o sobe e desce no preço do diesel e o pedágio considerado mais oneroso do Brasil, o que tem tirado o sono de quem vai e vem pelas estradas do Paraná é a falta de segurança. A preocupação mais latente tem sido nos arreadores e no próprio Porto de Paranaguá. São dezenas de registros de transportadores e caminhoneiros da região que foram vítimas recentes de furtos e roubos enquanto aguardavam para descarregar.

Segundo o presidente do Sintropar, Wagner Adriani Pinto, a situação está extremamente preocupante. Wagner reconhece que os esforços empenhados têm ajudado no enfrentamento ao crime, mas critica a falta de amparo e de ações mais efetivas para pôr fim ao problema.

O Paraná figura entre os cinco estados da federação que mais registram esses crimes. “Para se ter ideia, a estrutura da Delegacia de Combate a Furtos e Roubos de Cargas no Estado [em Curitiba] é bastante deficitária, nem tem pátio para guardar os caminhões recuperados e todos ficam estacionados na rua”, critica. “Quando o assunto é o porto, a preocupação aumenta mais. Existem quadrilhas agindo. Suas ações são destemidas”.

O que contam as vítimas

Na maioria dos episódios, o roubo ocorre no acostamento da rodovia. Quando o pátio do porto está lotado, muitos caminhoneiros se obrigam a ficar estacionados do lado de fora e são abordados pelos criminosos que cobram “pedágio” para que o caminhão fique ali. Os que se recusam a pagar têm os tampões dos caminhões abertos para que a carga caia no asfalto e seja saqueada por vários integrantes dos grupos.

Queda nas estatísticas exige cautela

Desde fevereiro, um setor de inteligência ligado à Delegacia de Combate a Furtos e Roubos de Cargas que atua em parceria com forças de segurança de outros estados – como Santa Catarina – iniciou operação no Paraná. Essa troca de informações visa dar celeridade às investigações, resposta às vítimas e punição aos responsáveis.

Em boletim publicado pela Fetranspar há poucos dias, há menção das estatísticas informadas pela delegacia especializa. De fevereiro a maio de 2018 foram registrados no Paraná 301 furtos ou roubos de carga. No mesmo período deste ano, foram 258, uma média de dois por dia. Para o presidente da Fetranspar, o coronel Sérgio Malucelli, queda que deve ser analisada com cautela porque o número ainda é considerado muito elevado.

Entre as cargas mais visadas estão as de cigarros, medicamentos e eletrônicos.

Um transportador que já foi vítima de dez roubos e furtos, e que pediu para não ser identificado, tem uma transportadora na região oeste e agora só leva suas cargas com escolta armada. Além do gasto extra com a segurança, os veículos passaram a ter rastreadores inteligentes e monitoramento constante da rota.

“Em sete vezes nos levaram foi a carga, a maioria delas milionária, e nas outras levaram os caminhões, que eram novos. O mais incrível é que nenhum dos casos foi solucionado por completo. Com qualquer transportador com quem você fale vai ser difícil achar um que não tenha sido vítima desse tipo de crime no Paraná”.