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Quais são os truques que os antigos usavam para vencer a insônia?

De molhar o colchão a tomar leite antes de se deitar: práticas que hoje podem ajudar a atingir o sono

Quais são os truques que os antigos usavam para vencer a insônia?

Dormir bem é um dos fatores mais importantes para garantir uma vida mais saudável. Durante o sono, além do descanso para o corpo e a mente, ocorrem muitos processos metabólicos importantes que evitam questões como cansaço, estresse, dores no corpo e falta de disposição. No entanto, com a rotina contemporânea, a insônia se tornou um problema comum — principalmente nas grandes cidades.

Os médicos e especialistas orientam que, para um bom sono, é necessário a prática constante de atividades físicas, uma alimentação leve antes de se deitar, principalmente sem a ingestão de cafeína e de álcool e um colchão adequado para as necessidades de cada um, o que evita pressões na coluna, nos ombros e na cabeça. No entanto, há uma série de truques históricos para vencer a insônia e que, ao contrário das orientações médicas, foram desenvolvidos em situações distintas no passado.

Um primeiro truque é simples: como muitos gurus e mestres religiosos acreditavam que o sono é parte fundamental de uma vida virtuosa, eles diziam que dormir deveria ser um objetivo fundamental de qualquer pessoa. Assim, eles fixavam um número específico de horas que deveriam ser preenchidas cochilando ou em sono profundo. Diz-se que John Wesley, líder do movimento metodista na Inglaterra, terminava suas reuniões mesmos pela metade quando, na hora pré-fixada, tinha chegado o momento de dormir. Assim, ele exortava aos seus seguidores que fossem embora e se deitassem.

A medicina não muito tarde se apegou aos preceitos religiosos, e pregava que o sono — assim como o ar puro, a dieta, a excreção, o exercício e as “paixões da mente”, era considerado um dos seis ingredientes essenciais para equilibrar os quatro humores do corpo: sangue, fleuma, bílis amarela e bílis negra. Quando alguém morria, principalmente nas cortes europeias do século XIX para trás, frequentemente se invocava os dias em que ela tinha ficado sem dormir.

Outro truque é comer cedo: no século XVII, o farmacêutico francês Philippe Sylvestre Dufour descobriu que tomar cafeína estimulava o organismo ao invés de descansá-lo e que, exceto se uma pessoa quisesse passar a noite em claro, deveria evitar tomar café ou chá antes de se deitar. Ao contrário, sopas e bebidas quentes e pastosas, geralmente com leite, fortaleciam o estômago por causa da lactose. Talvez venha daí o hábito de tomar leite quente antes de dormir que perdura até hoje.

Os antigos também diziam que o melhor sono é aquele que acontece na própria cama. Até o século XIX, era comum a ideia geral que ela era o único espaço inviolável de uma pessoa — um âmbito que nem mesmo o quarto tinha. A cama era o lugar da única intimidade possível em uma época em que a vida era geralmente vivida de forma coletiva pelas famílias.

Por causa disso, as camas eram adornadas com lençóis e colchas que tinham sido usadas por antepassados ou que eram presentes de datas comemorativas. As mulheres costuravam edredons para seus maridos e filhos e, não raro, o grande presente que uma recém-casada podia ganhar era um jogo de cama — que provavelmente a acompanharia pelo resto da vida.

Foi baseada nessa ideia que os cientistas passaram a argumentar, por volta do século XVII, que as pessoas dormiam mal em ambientes que não conheciam, porque não chegavam ao momento mais profundo do sono, mas ficavam em “vigilância”.

Uma última dica é ligar o ar-condicionado, mesmo no inverno. É óbvio que os mais velhos não tinham essa disponibilidade, mas faziam o que podiam para diminuir as temperaturas dos seus dormitórios para dormir melhor. O escritor irlandês Oliver Goldsmith, que viveu durante o século XVIII, dizia que só conseguia acabar com a insônia quando abria todas as janelas e portas da casa onde vivia em Dublin e se cobria com um lençol de linho.

Outra tática era fumigar os colchões e dormir definitivamente no molhado. Há vários registros literários e científicos de pessoas que, nas noites de verão, iam para um colchão úmido e, com a ajuda do linho — um tecido refrescante — passavam a noite relaxados.