Saúde

Protetor & antioxidantes: dupla reduz risco de câncer de pele

Protetor & antioxidantes: dupla reduz risco de câncer de pele

É de conhecimento geral que o uso de protetor solar é a melhor maneira de evitar os danos causados pela radiação ultravioleta e, consequentemente, o câncer de pele. Porém, com os avanços dos estudos na área da dermatologia, maneiras ainda mais eficientes de prevenir o desenvolvimento dessa doença vêm surgindo.

Por exemplo: um estudo realizado pelo Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da Universidade de São Paulo (USP) apontou que o uso de fotoprotetores que contenham ativos antioxidantes em sua fórmula possui maior eficácia na prevenção do câncer de pele. “Isso porque o uso dos antioxidantes antes da exposição solar prepara as células para reparar os danos causados pela exposição solar, evitando danos ao DNA. Fotoprotetores que têm na sua composição antioxidantes, com vitaminas C e E, acabam fazendo com que aquele dano oxidativo causado pela radiação ultravioleta seja em parte revertido, potencializando a ação de defesa imunológica e de reparo da minha pele, quando só o fotoprotetor não consegue sozinho proteger adequadamente essa pele”, explica a dermatologista Claudia Marçal, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia e da Academia Americana de Dermatologia. “Ou seja, sabemos que o protetor solar hoje deve ir além dos ativos de proteção: ele deve ser um multibenefícios com elementos de ação antioxidante para imediatamente reparar o processo inflamatório formado em função da radiação”, destaca a dermatologista.

Estudo

Para chegar a esta conclusão, os pesquisadores, comandados pelo professor Carlos Frederico Martins Menck, do Departamento de Microbiologia do ICB, observaram de que modo a radiação ultravioleta A (UVA) causa danos na capacidade de reparação das células de pacientes que sofrem de uma doença genética rara chamada de xeroderma pigmentoso variante (XP-V), caracterizada por alta sensibilidade ao sol. Os pacientes com esta condição, além de apresentarem deficiência no processo de reparação celular, também sofrem de pele seca e possuem 2000 vezes mais chances de desenvolverem câncer de pele antes dos 20 anos. “Os pesquisadores chegaram à conclusão de que, após quatro horas da exposição aos raios UVA, as células desses pacientes sofrem um processo oxidativo causado por radicais livres que inibe sua capacidade de realizar reparos no DNA”, afirma a médica.

Em seguida, pensando em uma forma de solucionar esse problema, os estudiosos utilizaram um tipo de antioxidante nas células antes que estas fossem expostas a radiação UVA. Como resultado, descobriu-se que o antioxidante não age apenas como uma forma de tratar os danos solares, mas também serve para preveni-los. “Quando as células são previamente tratadas com antioxidantes elas tornam-se mais preparadas para enfrentar a oxidação causada pelos raios UV. Consequentemente, sofrem menos danos e as proteínas responsáveis pela reparação do DNA não são oxidadas, podendo então continuar a exercer sua função normalmente”, destaca Claudia.

Mas o que são antioxidantes

Antioxidantes são moléculas que impedem a formação de radicais livres (e em alguns casos revertem os danos causados por eles). “Principalmente quando falamos de ambientes onde há muita poluição ambiental, há a necessidade de complementar a fotoproteção com alguns antioxidantes importantes como as Vitaminas E, C, A, B3, o Resveratrol, o ácido elágico da Romã, extrato de Blueberry, da Folha de Oliveira e de Edelweiss”, explica a dermatologista Claudia Marçal.

Algumas moléculas podem ser adicionadas nessa lista: OTZ 10 (que minimiza os danos do calor), Alistin (considerado um antioxidante universal – que age nas camadas de água e gordura da pele) e Exo-P (um antioxidante que impede os danos dos poluentes).

Novas pesquisas

De acordo com a médica Claudia Marçal, essa pesquisa torna possível o desenvolvimento de fotoprotetores com ativos antioxidantes e, logo, mais eficientes na prevenção de lesões e câncer de pele. E isso não só para pacientes com XP-V, mas para quaisquer pessoas. “Agora, o próximo passo é a realização de mais pesquisas para detectar quais tipos de antioxidantes são mais eficientes na prevenção destes danos e indicar qual seria a melhor maneira de formular um protetor com estes ativos”, explica.

A médica lembra que, para prevenção do melanoma, algumas vitaminas orais são indicadas como a vitamina D, melatonina, superoxide dismutase, glutationa, picnogenol e os carotenoides zeaxantina, luteína, licopeno e astaxantina.