Educação

Professores garantem ensino aos alunos de escola quilombola durante a pandemia

As ações incluem o contato constante com os pais

Professores garantem ensino aos alunos de escola quilombola durante a pandemia

Inclusão, busca ativa e ações solidárias. É assim que os professores do Colégio Estadual Quilombola Maria Joana Ferreira estão alcançando seus mais de 300 alunos da Comunidade Quilombola de Adelaide Maria da Trindade Batista, na região de Palmas, no Sudoeste do Estado.

As ações incluem o contato constante com os pais, atendimento especializado aos alunos com necessidades especiais e até o uso de uma moto com sistema de som lembrando os estudantes de retirarem os conteúdos impressos na escola.

A diretora Sônia Regina Boeze da Silva também é quilombola e conta que, graças ao trabalho da sua equipe pedagógica e ao apoio da Secretaria de Estado da Educação e do Esporte, os 300 alunos estão incluídos no Aula Paraná, sistema de ensino a distância estrutura pelo Governo do Estado durante a pandemia.

Ela afirma que devido a algumas dificuldades econômicas da comunidade, ela e sua equipe buscam estar cada vez mais próximos das famílias dos estudantes. “Estamos fazendo um trabalho constante de levar os conteúdos de aulas a eles e não deixar ninguém para trás”, diz.

CONTATO CONSTANTE – A diretora conta que conseguiu que um motociclista passasse em todas as ruas da comunidade, avisando pais e alunos sobre o Aula Paraná. Ele percorre mais de 700 hectares e alerta os responsáveis sobre a necessidade de irem até a escola retirar os conteúdos impressos e, também, sobre a importância de acessarem o Classroom, para quem tem celular.

“Essa ação tem dado bons resultados, pois os pais vêm até nós, retiram os conteúdos, e nós aproveitamos e tiramos dúvidas dos alunos”, explica Sônia.

Além dos estudantes com dificuldade de acesso, a escola quilombola também atende crianças com necessidades especiais. A professora Aline Rodrigues Dutra é uma das responsáveis por adaptar o conteúdo e lecioná-lo aos alunos da Sala de Recursos, que precisam de um atendimento individualizado.

“Em nossa escola atendemos alunos com transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH) e dislexia, e temos uma aluna surda. O que tenho feito é adaptar todo o conteúdo de aula para eles. É um trabalho árduo, mas tenho feito com muito amor”, conta a professora.

Solange dos Santos é mãe de Mariana, aluna da Sala de Recursos, e disse que ficou muito feliz com o fato de a escola estar tão próxima, mesmo em período de pandemia. “Minha filha tem dificuldade com leitura e recebe um atendimento individualizado. Estou muito feliz com o trabalho da professora e da escola aqui da nossa comunidade”, enfatiza.

O chefe do Núcleo Regional de Educação Marcelo Oltramari conta que todo o conteúdo lecionado na escola quilombola respeita as tradições da comunidade local e sua herança cultural. “A diretora e sua equipe pedagógica têm autonomia para adaptar o conteúdo, e elas têm feito isso”, explica.

HISTÓRIA – A Comunidade Quilombola de Adelaide Maria da Trindade Batista foi fundada em 1836 por escravos fugidos das fazendas de trabalho forçado na região de Palmas. Atualmente, são mais de 5 mil famílias vivendo no quilombo. Em 2007, Adelaide Maria da Trindade foi reconhecida como Comunidade Remanescente de Quilombolas.

Fonte: Agência Estadual de Notícias