Economia

Primeiro semestre: Exportações passam de US$ 1 bilhão pela 1ª vez

Em seis meses, valor faturado representa 70% de tudo o que foi comercializado em 2018

Toledo – O bom momento nas exportações garantiu à região oeste do Paraná um novo recorde, conforme dados divulgados ontem (3) pela Secretaria de Comércio Exterior do governo federal, que destoam do desempenho brasileiro, que registrou recuo nas exportações no primeiro semestre do ano na comparação com igual período de 2018.

A soma de alguns fatores tem contribuído para esse avanço que deve se potencializar no segundo semestre: “É a China que precisou abater cerca de 4 milhões de suínos e estamos vendando e vamos vender mais carne para eles nos próximos meses… tem a quebra no milho americano… Ou seja, o momento tem se firmado como muito promissor à região, que tem os dois produtos para oferecer”, reforça o especialista de mercado e agrônomo José Augusto de Souza.

Para se ter ideia, somente nos seis primeiros meses do ano as oito principais economias exportadoras do oeste já venderam para outros países quase US$ 1,26 bilhão, o que corresponde a 70% do que foi exportado em todo o ano de 2018 (US$ 1,88 bilhão). “E não tenho dúvidas de que passaremos dos US$ 2 bilhões com muita facilidade e muito antes de encerrarmos o ano”, aposta o especialista. Somente no mês de junho as vendas somaram mais de US$ 220 milhões.

Frangos disparam na liderança

O volume de vendas em 2019 para fora do Brasil por meio de empresas do oeste do Paraná representa 59% de crescimento se comparado a igual período do ano passado, quando as transações chegaram a US$ 791 milhões no primeiro semestre.

No acumulado do ano, as exportações foram puxadas, mais uma vez, pelas carnes de frango, que representam 65% do valor vendido, e pelos grãos, no qual apenas a soja responde por 25% de todas as vendas da região.

Para o economista Luiz Elieser Ferreira, do Sistema Faep, a tendência é para que essas condições se acentuem ainda mais no segundo semestre por alguns motivos importantes: “Não há carne suína disponível no planeta que consiga alimentar o mercado chinês, então vamos exportar cada vez mais para lá e isso poderá se manter assim nos próximos anos. Ninguém repõe matrizes e equaliza a produção em pouco tempo. Eles ainda vivem uma condição muito preocupante com a peste suína e não se sabe quantos animais mais precisarão ser mortos”.

Se por um lado os estoques de farelo e da soja em grão estão equilibrados no país asiático, desacelerando a venda desse produto para lá nas últimas semanas, o milho promete seguir em alta. O Paraná colhe uma supersafrinha e consegue exportar sem pôr em risco o mercado interno e as cadeias de aves, suínos, gado de leite e corte e peixes.

“Nos Estados Unidos já se fala em perdas que podem chegar a 50 milhões de toneladas de milho. Esse é um mercado que vai precisar ser atendido por alguém e, como estamos colhendo uma safra recorde, o nosso produto tem espaço garantido”.

Nas últimas duas semanas o Porto de Paranaguá bateu recorde de embarcações de milho e as filas intermináveis nas centrais de recebimento indicam que o fluxo segue intenso, tanto de colheita quanto de transporte. Na região, todas as áreas com milho devem ter sido colhidas em até duas semanas.

Mercado europeu

Para o economista Marcelo Dias, outra boa notícia para a região oeste é o acordo com a União Europeia confirmado na semana passada. “Ele não é para curto prazo, mas teremos bons resultados já nos próximos dois anos. Isso significa que, quando a China estiver equilibrando sua produção [de suínos] e talvez passe a comprar menos da gente, teremos o mercado europeu para abastecer. Isso vale principalmente para as carnes, um produto com alto valor agregado que gera emprego e renda. Pode ser um bom caminho para os peixes produzidos na região que ainda não têm mercado amplamente cativado. Isso é muito mais vantajoso do que exportar o grão in natura dos cereais”, compara.

Toledo consolida liderança

Assim como vinha se desenhando nos últimos meses, Toledo segue na liderança regional das exportações. O Município já faturou US$ 304 milhões este ano, sobretudo com a venda de soja, valor 472,5% maior que no mesmo período de 2018.

Ultrapassado ainda mês passado, Cascavel faturou quase US$ 253 milhões este ano, a maior parte com a venda da carne de frango, valor 60,6% maior em relação ao ano passado, e, Palotina, com US$ 231 milhões, também com a maior parcela vinda da proteína do frango, registrou alta de 52,4%.

Esses três municípios respondem por 63% do total exportado pelos oito maiores do oeste, quase US$ 788 milhões.

Saldo da balança é de US$ 990 milhões

Se vendemos mais também compramos mais, mesmo que em ritmo bem menor. No primeiro semestre deste ano, as oito economias importaram US$ 269 milhões, 22% a mais que no mesmo período do ano passado (US$ 221 milhões). “Apesar do crescimento das importações, elas não acompanharam o avanço das exportações, isso significa que tivemos até o momento – e certamente teremos neste ano – o melhor saldo da balança comercial da história do oeste”, antecipa o economista Marcelo Dias.

O saldo é calculado da seguinte forma: o volume financeiro das importações é deduzido das exportações. Se vender mais que importar, ele significa um superávit. Do contrário, déficit.

Na região (considerando as oito principais economias), o saldo da balança chega a US$ 990 milhões. “Acredito que possamos fechar o ano com um saldo próximo ou superior a US$ 1,8 bilhão”, avalia Marcelo.

O saldo deste ano já é 74% maior que o registrado no primeiro semestre do ano passado, quando somou US$ 570 milhões. O ano de 2018 fechou com superávit de US$ 1,4 bilhão (exportações de US$ 1,88 bilhão e importações de US$ 489 milhões).

Reportagem: Juliet Manfrin