Saúde

Por que 2,2 bilhões de pessoas não enxergam direito no mundo, segundo a OMS

Relatório inédito afirma que 1 bilhão de pessoas vivem com deficiência visual sem necessidade

Por que 2,2 bilhões de pessoas não enxergam direito no mundo, segundo a  OMS

A OMS (Organização Mundial de Saúde) publicou seu primeiro relatório sobre a visão da população global e detectou dados preocupantes. No mundo, cerca de 2,2 bilhões de pessoas possuem algum tipo de deficiência visual. Além disso, um bilhão de indivíduos convivem com o problema porque ainda não chegaram aos consultórios oftalmológicos ou não foram tratadas antes de perder a visão.

“As duas causas principais são falta de óculos ou catarata”, conta o médico oftalmologista João Marcello Furtado, professor da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP e integrante do grupo que produziu o relatório, em entrevista para o Jornal da USP. “Isso é inaceitável. A inclusão de atendimento oftalmológico é uma parte importante da jornada de todos os países em direção à cobertura universal de saúde”, afirmou, em comunicado à imprensa, Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da OMS.

Alguns grupos são os mais afetados. Entre eles estão minorias étnicas, indígenas, mulheres, populações rurais e famílias de baixa renda. Atualmente, a estimativa é de que 65 milhões de pessoas estão cegas ou enxergam muito mal por causa da catarata, uma doença que pode ser evitada por meio de cirurgia.  Outros 800 milhões não conseguem adquirir óculos.

As condições médicas que mais acometem quem tem problema de visão são miopia (cerca de 2,6 bilhões de pessoas), presbiopia (1,8 bilhão de pessoas), degeneração macular relacionada à idade avançada (196 milhões de pessoas) e retinopatia diabética (com 147 milhões de casos). A metodologia utilizada para o cálculo teve como base a revisão de artigos divulgados em publicações científicas e recebeu o endosso da OMS pela primeira vez.

O número de pessoas cegas e com deficiência visual, em dados absolutos, subiu. Mas quando comparado com estudos anteriores a prevalência do problema diminuiu, já que também houve um aumento populacional em todo mundo. Alguns problemas de visão também são ocasionados por um novo estilo de vida, segundo o relatório. Qualquer atividade na qual o indivíduo passe horas mirando algo de perto pode alterar o mecanismo de acomodação ocular, que ajusta o foco para perto e para longe.

O uso de dispositivos eletrônicos em excesso é um dos fatores que podem provocar problemas como a miopia. Não só pela utilização de aparelhos como celulares e computadores. O uso exacerbado desse tipo de aparelho também está associado a um estilo de vida mais focada em ambientes fechados, sem muita presença de luz solar – essencial para combater uma alteração que leva à miopia.

Por fim, o relatório faz algumas recomendações tanto aos indivíduos como aos sistemas de saúde. Para as pessoas, de forma geral, é recomendado mais tempo ao ar livre – mas, nesse caso, sempre usando proteção. Pesquise uma boa lente e uma armação de óculos feminino ou masculino confortável. Para ambientes com muita incidência de sol, é indicado usar óculos escuros com proteção contra raios UV. Os sistemas de saúde, por sua vez, devem incluir a oftalmologia na cobertura universal de saúde, investir em pesquisa e fazer campanhas sobre a importância da saúde ocular.

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