Política

Pedágio: Oeste lança campanha por menor preço; 100 entidades assinam carta para Bolsonaro

Presidentes de inúmeras entidades em encontro com a imprensa

Pedágio: Oeste lança campanha por menor preço; 100 entidades assinam carta para Bolsonaro

Cascavel – Materiais produzidos para impressos, outdoors e mídias sociais vão ampliar ações do oeste do Paraná contra o modelo de pedágio com outorga onerosa. A campanha foi lançada na manhã dessa quarta-feira (3), durante coletiva à imprensa, no Auditório Cascavel, na Acic (Associação Comercial e Industrial de Cascavel). As entidades defendem que a próxima licitação garanta tarifas mais baixas.

Uma carta, pedindo a intervenção do presidente Jair Bolsonaro na questão do modelo do pedágio, assinada por mais de 100 entidades, vai ser entregue a ele nesta quinta-feira, durante visita a Cascavel para inaugurar um centro esportivo de alto rendimento.

Os argumentos que levaram a região a se unir contra a proposta do governo federal foram apresentados pelo presidente do POD (Programa Oeste em Desenvolvimento), Rainer Zielasko. Segundo ele, a região precisa se unir e cobrar mudanças na proposta, porque, do contrário, o oeste seguirá pagando um dos pedágios mais caros do mundo: “Há 23 anos amargamos uma tarifa que castiga o setor produtivo regional e paranaense. Não podemos permitir, como querem, que sigamos com esse cenário por mais 30 anos. Nosso interesse não é por benefícios, queremos apenas isonomia, ser tratados como outros estados, que têm tarifas muito mais baixas que as nossas”, ressaltou o presidente do POD, que integra mais de 60 entidades da região, entre elas cooperativas e instituições de ensino.

A outorga onerosa faz com que enormes quantidades de dinheiro sejam enviadas ao governo sem garantias na execução de obras. “Já vimos isso acontecer na concessão de 1997 no Paraná, e até hoje isso custa muito caro principalmente às empresas e aos produtores rurais da nossa região”, lamenta Rainer.

Ele falou ainda que, se essas ações não surtirem o efeito esperado, não estão descartadas mobilizações, incluindo instalação de faixas e manifestações nas rodovias. “Mais do que nunca, a população está consciente da situação do pedágio e do prejuízo que causa para quem precisa utilizar as estradas. Muitos já querem colocar tratores e fazer mobilização nas rodovias. Por enquanto, todas as nossas ações são pacíficas e não queremos tomar medidas mais rígidas, mas, se for preciso, faremos”, avisa.

Proposta

Sem a outorga, a redução nos preços das tarifas, com as novas concessões, poderá chegar a 70%, valor considerado justo e equilibrado. “Ninguém aqui é contra o pedágio e sim a um modelo que não nos atende, porque poderá comprometer a economia e o desenvolvimento da região”, afirma o presidente do Codesc, conselho que representa 60 entidades de Cascavel, Alci Rotta Júnior.

Dois números aumentam os questionamentos e a insatisfação em torno do modelo apresentado pelo governo federal: em 23 anos do atual modelo, mesmo com as irregularidades apuradas pela Justiça, a arrecadação global chegará a R$ 70 bilhões. Com a nova concessão de 30 anos, que afirmam que terá valores inferiores aos atuais, a estimativa de receita no período é de mais de R$ 150 bilhões. “A região não pode e não vai se calar, porque corremos o risco de ficar ilhados por praças com pedágios elevados desestimulando assim, por exemplo, a atração de novos investimentos”, alerta o presidente da Acic, Michel Lopes. “Precisamos estar unidos, atentos e defender nossos interesses”, complementa o presidente da Caciopar, Flávio Furlan.

 

Peças e carta

Inúmeras peças para outdoors, impressos e mídias sociais foram produzidas e passam a ser divulgadas em toda a região. Elas pedem por um modelo sem outorga e apelam para a sensibilidade do presidente da República, Jair Bolsonaro, na carta que será entregue pessoalmente a ele.

 

Audiência e abaixo-assinado

As entidades reforçaram a abaixo-assinado que circula na internet, organizado pelo POD (Programa Oeste em Desenvolvimento), na campanha pela redução do custo das tarifas cobradas nas vias pedagiadas. Todo cidadão ou dirigente de instituição pode apoiar e repercutir a petição on-line entre seus associados e públicos.

O documento requer redução dos preços de pedágio em pelo menos 50%, a partir do modelo de maior desconto tarifário na nova concessão das estradas. Enfatiza, ainda, a garantia de investimentos imediatos nas rodovias, a fim de melhorar a qualidade do tráfego e evitar acidentes, reivindicando a necessidade de duplicação da BR-277.

Nesta sexta-feira, a Frente Parlamentar do Pedágio, da Alep (Assembleia Legislativa do Paraná), abre em Cascavel a série de dez audiências públicas para discutir o assunto. O encontro será às 9h30, na Acic. No sábado, o evento será na Acifi, em Foz do Iguaçu, também a partir das 9h30.

A Frente faz coro às reivindicações das entidades produtivas do oeste do Paraná, defendendo a concessão pelas menores tarifas e contra a outorga.