Cotidiano

Obras avançam pouco e continuidade vira incógnita

Com perda de representatividade política, sociedade civil terá de se desdobrar para que Governo Bolsonaro mantenha investimentos de obra do PT

Capitão Leônidas Marques – Com duas frentes de trabalhadores retomando as atividades nesta semana, a duplicação da BR-163 avança a passos lentos diante da magnitude da obra, cuja previsão inicial era ter sido entregue no fim do ano passado. Agora, o novo prazo é fim de 2020.

A troca de governo aumenta o risco quanto à continuidade dos serviços e preocupa empresários e motoristas que utilizam o trecho para o transporte da produção entre o Centro-Oeste e o Sul do Brasil.

O trecho a ser duplicado entre Toledo a Marechal Cândido Rondon, de 39 quilômetros, é o mais lento: em 12 meses avançou apenas 14%, conforme balanço apresentado pelo Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte).

Em quase quatro anos de trabalho após a definição da vencedora do certame, 34% dos serviços foram executados – em janeiro de 2018 a média apresentada pelo órgão era de apenas 20%. A obra foi licitada por R$ 306,5 milhões e o Consórcio Castilho – Urbaniza venceu a licitação em novembro de 2014.

Ainda no ano passado, a empreiteira havia prometido liberar um trecho de 18 quilômetros já duplicado. O que ainda não aconteceu.

A lentidão da obra eleva os custos do transporte de grãos, pois em alguns trechos o percurso fica comprometido devido às obras ou trabalhadores na pista. “O prejuízo está atrelado às perdas de grãos no transporte e à demora. Ocorre uma falta de planejamento estratégico que preocupa no interior do País, pois essa obra está com apenas 34% dos serviços executados, sem previsão de orçamento para este ano”, alerta o arquiteto Mário Cesar Costenaro, presidente do POD (Programa Oeste em Desenvolvimento).

São cinco frentes de trabalho no trecho entre Toledo e Marechal, conforme o Dnit, sendo para terraplenagem, drenagem, pavimentação de camadas de base, pavimentação de camadas asfálticas e meio ambiente (plantio de grama). Já foram repassados R$ 105.648.144,57 e resta R$ 3.987.797,69 para a atual fase.

Incógnita

A obra mais adiantada compreende o trecho entre Cascavel e Marmelândia, distrito de Capitão Leônidas Marques, chegando a 57% de toda a obra com uma extensão de 74 quilômetros. Porém, no último ano houve execução de apenas 17%.

Com o fim das férias coletivas, agora, o serviço será concentrado na execução do segundo viaduto no perímetro urbano de Capitão Leônidas Marques. O atual efetivo da obra está em 150 colaboradores, assegura o Dnit.

O montante já gasto nesse trecho é de R$ 328.946.134,47, restando um saldo de empenho de R$ 9.383.677,03. O valor total da licitação do trecho entre Cascavel a Marmelândia é de R$ 579 milhões. O responsável pela obra é o Consórcio Sanches Tripoloni – Maia Mello.

As obras foram iniciadas em outubro de 2015 com previsão de término no fim de 2018. Há um ano foi iniciada a construção de uma nova ponte sobre o Rio Iguaçu, que não saiu dos alicerces e pilares de sustentação. Os trabalhos foram interrompidos e não há informação de quando serão retomados.

Recursos não estão garantidos

A preocupação maior está relacionada aos recursos necessários para a conclusão, se nem para este ano há valores definidos. “Ainda não houve definição do orçamento 2019, portanto, o saldo de empenho ainda é o que restou de 2018”, informou o Dnit.

Só para obra do trecho entre Toledo e Marechal serão necessários mais R$ 196,8 milhões e para o trecho entre Marmelândia e Cascavel outros R$ 240,6 milhões. São mais de R$ 437 milhões que deveriam constar no Orçamento da União para este ano.

Contudo, o que há são emendas parlamentares, não impositivas (não obrigatórias), ou seja, dependem de articulação política e boa vontade do presidente Jair Bolsonaro para que saiam do papel.

São três emendas: R$ 100 milhões para o trecho Toledo-Marechal, R$ 150 milhões para o trecho Cascavel-Marmelândia, e outros R$ 200 milhões para o contorno rodoviário em Cascavel, obra já concluída.

“Estamos em um momento preocupante, pois, além de tudo, perdemos representatividade política da região no Congresso, o que dificulta ainda mais o processo de intermediação com a União. Precisamos agora unir todas as classes para intensificar as ações para pressionar nossos governantes para demonstrar a necessidade dessa obra”, complementa o presidente do Programa Oeste em Desenvolvimento, Mário Cesar Costenaro.