Opinião

O perigo das ruas

Por Carla Hachmann

Apoiadores do Governo Bolsonaro estão convocando a população para ir às ruas no próximo domingo, em atos contra o STF (Supremo Tribunal Federal) e o Congresso Nacional. O próprio presidente Jair Bolsonaro tem incentivado a mobilização, na esperança de ver o verde e amarelo tomar conta das ruas novamente e, com isso, reforçar sua popularidade e ter forças para enfrentar os congressistas.

Só que, assim como o fogo, todo cuidado é pouco quando se lida com o povo. Pois as chances de se sair queimado são grandes.

Via de regra, o povo esquece a força que tem. Mas basta um incentivo para se lembrar. E o cenário tem várias brasas que podem acender labaredas fácil, fácil. Afinal, as condições atuais do País estão bem distantes daquelas vislumbradas em outubro passado.

E o momento não poderia ser pior. Quando a divisão nacional começava a ficar menos evidenciada, o acirramento dessa situação pode ser bastante perigoso. Os dois lados têm muito mais “razão” (argumentos) para se digladiar agora.

Parte dos apoiadores de Bolsonaro critica a iniciativa. Cabe ao presidente lidar com as pedras no caminho, não pode chamar o povo a cada dificuldade que tiver. Afinal, recebeu a chancela da maioria dos eleitores para governar.

Ao incitar seus eleitores contra duas instituições legalmente constituídas, corre o risco de agravar ainda mais sua governabilidade. Não se pode esquecer que o novo governo foi eleito com a garantia de proteger a democracia e sua estrutura.

O País passa por um momento delicado, em que se ressente da dificuldade em crescer e voltar a gerar emprego e renda conforme todos esperavam quando 2019 chegasse. Convocar o povo, agora, é quase como jogar gasolina na fogueira.