Cotidiano

O Brasil vai cortar o açúcar

O Brasil quer reduzir 144 mil toneladas de açúcar de bolos, misturas para bolos, produtos lácteos, achocolatados, bebidas açucaradas e biscoitos recheados. O acordo assinado pelo ministro da Saúde, Gilberto Occhi, e os presidentes de associações do setor produtivo de alimentos põe o Brasil como um dos primeiros países do mundo a buscar a diminuição do açúcar nos alimentos industrializados.

O acordo segue o mesmo parâmetro do feito para a redução do sódio, que foi capaz de retirar mais de 17 mil toneladas de sódio dos alimentos processados em quatro anos.

“O acordo vai ajudar a melhorar a conscientização da população na busca de alimentos mais saudáveis. O apoio da indústria na redução do açúcar permitirá que população busque uma vida mais saudável e tenha menos problemas de doenças que possam ser evitadas. É importante que nós tenhamos avanços dessa natureza”, destacou o ministro da Saúde, Gilberto Occhi.

O monitoramento da redução será feito a cada dois anos pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), sendo a primeira análise no fim de 2020.

Fazem parte do acordo a Abia (Associação Brasileira das Indústrias da Alimentação), a Abir (Associação Brasileira das Indústrias de Refrigerantes e de Bebidas Não Alcoólicas), a Abimapi (Associação Brasileira das Indústrias de Biscoitos, Massas Alimentícias e Pães e Bolos Industrializados) e a Associação Brasileira de Laticínios (Viva Lácteos).

Alimentos

Para estabelecer as metas das cinco categorias de alimentos, o Ministério da Saúde analisou critérios que envolvem desde o consumo e distribuição dos teores de açúcar dos alimentos até a necessidade de redução dos níveis máximos do alimento; queda dos teores de açúcares livres não resultantes em aumento no valor energético e de adição ou substituição por adoçantes, além do percentual de produtos a serem reformulados para atingirem à meta.

Considerando os produtos com maior quantidade de açúcar, os biscoitos e os produtos lácteos terão os maiores percentuais de meta para redução do alimento, com a meta de retirar 62,4% e 53,9% de açúcar da composição, respectivamente. Para bolos, a meta é de até 32,4% e, para as misturas para bolos, até 46,1% do teor de açúcar. Já os achocolatados têm a meta de cair até 10,5% e as bebidas açucaradas até 33,8%.

“Nós não temos a menor dúvida de que isso é fundamental. Temos que controlar fortemente as doenças crônicas não transmissíveis, principalmente hipertensão e diabetes. Com isso, vamos contribuir para uma saúde melhor para os brasileiros”, ressaltou o secretário de Atenção à Saúde, Francisco Assis.

Quanto açúcar você come por dia

Os brasileiros consomem 50% a mais de açúcar do que o recomendado pela OMS (Organização Mundial da Saúde). Isso significa que, por dia, cada brasileiro, consome em média 18 colheres de chá do produto (o que corresponde a 80g de açúcar/dia), quando o recomendado seria até 12. Desse total, 64% corresponde a açúcares adicionados, aquela colherzinha a mais que você coloca nos alimentos. O restante do consumo é o açúcar presente nos alimentos industrializados.

O alto nível de açúcar já impacta no aumento de doenças crônicas não transmissíveis. Na última década, o diabetes cresceu 54% nos homens e 28,5% nas mulheres. Outra doença que tem crescido entre os brasileiros, e que está relacionada com o alto consumo de açúcar, é a obesidade. A condição clínica subiu mais de 60%.

Mudança de hábitos

O incentivo para uma alimentação adequada e saudável e a prática de atividades físicas é prioridade do governo federal. Em 2017, o Ministério da Saúde adotou internacionalmente metas para frear o crescimento do excesso de peso e obesidade no País.

O compromisso foi de deter o crescimento da obesidade na população adulta até 2019; reduzir o consumo regular de refrigerante e suco artificial em pelo menos 30% na população adulta até 2019 e ampliar no mínimo de 17,8% o percentual de adultos que consomem frutas e hortaliças regularmente até 2019.

Outra ação para a promoção da alimentação saudável é a publicação do Guia Alimentar para a População Brasileira. Reconhecida mundialmente pela sua abordagem integral, a publicação orienta a população com recomendações sobre alimentação saudável baseada principalmente no consumo de alimentos in natura ou minimamente processados.