Cotidiano

Novo corredor de exportações custará R$ 25 bilhões e ficará pronto em nove anos

A nova ferrovia terá 1.285 quilômetros lineares e exigirá R$ 25 bilhões em investimentos

Foto:Fábio Donegá
Foto:Fábio Donegá

Cascavel – O Paraná, em parceria com o governo federal, dá passos largos e consistentes no cumprimento de etapas decisivas à implantação de um dos maiores e mais sofisticados corredores ferroviários do País. A nova ferrovia terá 1.285 quilômetros lineares, exigirá R$ 25 bilhões em investimentos e precisará de nove anos para ficar pronta. A informação é do coordenador do Plano Ferroviário do Paraná, Luiz Henrique Fagundes, e foi dada em recente recepção a uma equipe técnica formada por diretores dos Ministérios de Infraestrutura e da Economia.

O diretor da Cotriguaçu, Dilvo Grolli, fez uma apresentação que mostra a força econômica da região e do Estado. “O oeste é um grande celeiro de grãos e proteínas, mas para seguir crescendo, e as projeções são excelentes, precisamos de boas condições logísticas. Temos que manter nossa competitividade e a ferrovia, com redução nos custos do frete e mais agilidade para chegar ao porto, é caminho fundamental nessa direção”. A nova ferrovia, com extensões a Foz do Iguaçu e ao Mato Grosso do Sul e correções em trechos críticos no Paraná, abrirá uma demanda enorme. O Paraguai produz 11 milhões de toneladas de soja por ano e escoá-la pelo Porto de Paranaguá é mais fácil, rápido e econômico.

O oeste produziu 105 sacas de grãos por hectare em 2016 e chegou a 125,6 em 2020, crescimento médio de 4,8% ao ano. O Paraná é o único estado brasileiro que faz três safras por ano – soja, milho e trigo. E, em área de 1,99 milhão de hectares, produz 7,66 milhões de toneladas de grãos. A estrutura fundiária do Estado, com 380 mil propriedades rurais e 74% delas de pequenas, foi propícia à consolidação do Paraná como expoente na produção de carnes.

Do total da carne de frango produzida no Brasil, de 13,8 milhões de toneladas, o Paraná responde por 4,9 milhões. O País exportou ano passado 4,2 milhões e o Estado, 1,7 milhão de toneladas. Segundo Dilvo, é muito importante agregar valor porque a tonelada da carne de frango é comercializada por três vezes mais que a da soja e seis vezes mais que a do milho. Ele mostrou também o desempenho de exportações por municípios e deu destaque para Cascavel, que, em 2015, vendeu US$ 172 milhões e, em 2021, deverá chegar a US$ 325 milhões. O crescimento do oeste de 2015 a 2020 foi de 32,5% nas exportações, com pauta basicamente formada por carnes de frango, suínos, soja e derivados.

 

Cotriguaçu

Dilvo Grolli apresentou dados também da Cotriguaçu, central logística formada pela Coopavel, Copacol, Lar e C.Vale. O investimento em seu terminal foi de R$ 300 milhões, mas isso é menos da metade do que está previsto. “Investimentos, mesmo sem a logística de transporte apropriada, porque acreditamos no Paraná e no Brasil”, afirmou o diretor.

O embarque de contêineres em Cascavel em 2020 foi de 10.940 unidades, mas a demanda atual é de 36 mil e será de 72 mil contêineres em 2025. O custo do modal ferroviário, em comparação ao rodoviário no trajeto entre Cascavel e Paranaguá, é inferior em R$ 1 mil por contêiner, afirmou Dilvo.

 

Solução ao Brasil

“A nova ferrovia não será apenas uma solução para o Paraná, mas para o País. Esse empreendimento prevê redução média de 28% do custo Brasil, hoje na casa de R$ 1,5 trilhão por ano”, afirmou Luiz Henrique Fagundes.

O desafio, além de viabilizar e estruturar um projeto dessa envergadura, segundo ele, é fazer com que o País seja também excelente da porteira para fora, não somente da porteira para dentro como acontece hoje. Os trabalhos técnicos seguem e a intenção é buscar o licenciamento ambiental em Brasília nos próximos dias e levar a obra para licitação na Bolsa, em abril de 2022, já com o licenciamento aprovado.

 

Nova Ferroeste

A proposta de novo traçado da Ferroeste foi verificada, durante três dias de visita ao trecho, por Marcos Félix, assessor especial do Ministério de Infraestrutura, e por Gustavo Gomes, membro do Projeto de Parcerias de Investimentos do Ministério da Economia. “Pudemos ver a situação como está hoje. Saber das melhorias de operação necessárias ao bom funcionamento desse traçado que permitirá então o escoamento de riquezas daqui mas também do Paraguai e do Mato Grosso do Sul. Essas conexões interessam muito ao Brasil”, afirmou Félix.

Com a qualificação do projeto da Ferroeste no PPI em setembro do ano passado, esse corredor virou uma prioridade nacional, ressaltou Gustavo.  “Estar no PPI é sinal de prioridade nacional do projeto. Assim, o governo federal está envolvido em todas as etapas e ajuda a atrair investimentos privados para esse empreendimento tão importante”. A recepção à comitiva contou também com as participações do presidente da Ferroeste, André Gonçalves, e do superintendente da Cotriguaçu, Gilson Anizelli. Em sua passagem por Cascavel, a comitiva de Brasília também pode conhecer o Moinho de Trigo da Coopavel.