Agronegócio

Metade das propriedades não conta com auxílio do agrônomo

Em uma região essencialmente agrícola, onde estão mais de 1,1 milhão de hectares prontos para cultivo, de onde se colhe de 3,5 milhões a 4 milhões de toneladas de soja por ano, caracterizando-se como uma das principais produtoras do grão no estado do Paraná, de onde se deverá colher cerca de 10% da safra brasileira de trigo neste ano, passando das 500 mil toneladas, e de onde se extrai do solo aproximadamente 4 milhões de toneladas de milho somente na chamada safrinha, além de outras tantas culturas em menor volume, mas não em importância, a figura do engenheiro agrônomo, cujo seu dia acaba de ser celebrado, é de extrema importância e sinônimo de muita eficiência.

Ocorre que em metade das propriedades do oeste a assistência de um deles ainda não se faz presente.

Mas para se ter ideia, depois que sua ação ficou mais efetiva nas propriedades rurais e na agroindústria, ao longo das últimas duas décadas, a produção no campo aumentou em mais de 50%, de acordo com números da Seab (Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento) e as boas práticas de industrialização fizeram os produtos da região chegarem à mesa de pessoas em mais de cem países. É o alimento produzido com o auxílio desse profissional, desde o processo embrionário da pesquisa até a distribuição ao consumidor final, que está alimentando o planeta. Superavitário na balança comercial paranaense, o oeste exportou neste ano, segundo o Mdic (Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio Exterior e Serviços), quase US$ 1,3 bilhão, mais de 90% desse volume, vindos do agronegócio, sobretudo das carnes e dos grãos.

E é o agrônomo o profissional que está presente em todo o processo do agronegócio. No oeste do Paraná, segundo o Escritório Regional do Crea-PR, estão na ativa pouco mais de 2,3 mil desses profissionais que seguem para a lida diária, atuando desde o preparo da terra, o plantio, a colheita até a industrialização. Não obstante, foi-se o tempo em que só contar com a ajuda dos céus era suficiente para garantir uma boa safra ou um rebanho de corte ou de leite eficiente. O profissional da engenharia agronômica é essencial nas boas práticas, indica o melhor momento para plantar, fazer aplicações preventivas evitando doenças oportunistas, de vacinar, o momento certo para colher, de escoar, de estocar ou de vender. Ele é o olho auxiliar do agricultor nos cuidados com e para a terra.

É ainda um profissional que vai além, não está voltado exclusivamente para o aumento de produção e da produtividade sem analisar riscos e consequências.

Cabe a ele, ainda, a orientação técnica das boas práticas do manejo, os cuidados para a não degradação do solo e a sustentabilidade enxergando na terra um bem comum e permanente.

Independente do tamanho da propriedade, se caracterizada ou não como uma pequena área da agricultura familiar, na região oeste o censo agropecuário realizado pelo IBGE, divulgado neste ano, revelou que são 56 mil delas e mais de 90% correspondem a pequenos lotes da agricultura familiar, ou em grandes fazendas, estejam elas voltadas para o cultivo de grãos, as lavouras consociadas, ou a pecuária, a ação do profissional é essencial para cada uma das atividades, seja na assistência técnica, seja na extensão rural.

“Esse é um profissional essencial e extremamente importante, mas ainda com um grande desafio pela frente. Somente no Paraná temos 40 cursos superiores na área, seis deles na região oeste. Temos inúmeros profissionais se graduando, mas a presença de um engenheiro agronômico ainda não é uma realidade em pelo menos metade das propriedades, principalmente nas menores, voltadas para a agricultura familiar. Deveria haver mais abertura, contratações no setor público para ampliação da assistência técnica e da extensão rural. Estas propriedades poderiam se desenvolver muito mais, descobrir e aprimorar suas potencialidades, aumentar produção e serem autossustentáveis”, afirma o diretor-técnico da Areac (Associação dos Engenheiros Agrônomos de Cascavel) vinculada ao escritório regional do Crea-PR, Daniel Roberto Galafassi.

Outra opção, considera o engenheiro agrônomo, seria a ampliação de rede e de criação de pequenas cooperativas agroindustriais em um processo ainda mais amplo voltado à agroindustrialização profissional.

O desempenho no polo do cooperativismo agrícola

Na pecuária, como não pensar na ação efetiva do engenheiro agrônomo em uma das regiões onde estão os maiores plantéis de aves e suínos do Brasil e uma das principais bacias leiteiras do Estado?

Berço das maiores cooperativas agroindustriais brasileiras, que empregam de forma direta mais de 50 mil pessoas somente no oeste paranaense e que têm faturamento que promete chegar neste ano a R$ 25 bilhões, o agrônomo carimba participação nos dados. “Ele é o profissional que orienta tecnicamente para o aumento da produtividade, as aplicações corretas para a qualidade dos grãos que resulta em uma ração de melhor qualidade, que alimenta os animais e que fomenta a cadeia produtiva”, reforça Daniel Galafassi.

Além disso, os cuidados com a reprodução e o abate também passam pelas suas mãos que o faz aplicar o conhecimento para um bom gerenciamento de armazenagem, à industrialização e à comercialização de alimentos.

Para o gerente regional do Crea-PR em Cascavel, Geraldo Canci, “o engenheiro agrônomo é fundamental na vida de cada pessoa, por conta de sua relação com a produção e a qualidade dos alimentos”. “Além de trabalhar com o desenvolvimento de tecnologias, no combate às pragas, adubação e conservação de solo, para aumentar a produtividade agrícola. O agrônomo também se destaca em várias frentes de trabalho, como a agricultura orgânica, energia renovável, biocombustíveis, rastreabildiade de alimentos, manejo e recuperação de solos, meio ambiente e reflorestamento”, acrescenta.