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Flamengo endurece discurso e diz que não jogará em Maracanã 'hostil'

Enquanto aguarda a definição da Odebrecht sobre quem receberá a concessão do Maracanã pelos próximos 32 anos, o Flamengo endureceu o discurso contra um dos consórcios que estão na disputa pelo comando do estádio. Em nota divulgada nesta terça-feira, o clube rubro-negro afirmou que o seu time não atuará no Maracanã se ele permanecer sob o comando de empresas consideradas “hostis”.

As críticas do Flamengo são para as empresas Lagardère, da França, e BWA, do Brasil, que disputam com o grupo CSM/GL/Amsterdam Arenas o direito de comandar o estádio.

“O Flamengo se recusa a firmar um compromisso de longo prazo com entidades que no passado e em tratativas recentes não apresentaram comportamento compatível com os princípios e valores adotados pelo clube”, diz o Flamengo.

“O Flamengo reitera que não jogará no Maracanã caso o estádio venha a ser gerido por entidades hostis ao clube e incompatíveis com nossos princípios. Como informado anteriormente, o Flamengo acredita que uma nova licitação é o melhor caminho para a gestão do Maracanã, embora admita a hipótese de firmar uma parceria com os novos concessionários no caso de transferência, caso a negociação se dê com empresas idôneas e num processo transparente e republicano”, acrescenta.

De acordo com o Flamengo, caso não seja organizada uma nova licitação, o clube mandará os seus jogos no estádio Luso-Brasileiro, na Ilha do Governador.

“Caso estes aspectos fundamentais não sejam atendidos, o Flamengo não jogará no Maracanã. A partir de 2017, teremos à disposição o estádio em parceria com a Portuguesa da Ilha e todas as arenas Brasil afora que tão bem têm nos recebido. Lá poderemos mandar as nossas partidas em todas as competições, até que consigamos uma solução definitiva no Rio de Janeiro à altura da grandeza do clube e de sua torcida.

LEIA A ÍNTEGRA DA NOTA DO FLAMENGO:

O Clube de Regatas do Flamengo volta a se manifestar sobre o futuro do Maracanã. A poucos dias do término do ano, o Governo do Estado do Rio de Janeiro ainda não definiu o destino do estádio, deixando os clubes e toda a população carioca, responsável pelo financiamento de inúmeras reformas, sem saber quando e como poderá usufruir novamente do estádio. Neste cenário de incerteza, o Flamengo destaca pontos de extrema relevância e pontua os motivos pelo qual se opõe a uma parceria com a LU Arenas (Largardère/BWA) e com a FERJ.

No edital de concessão entre Governo e Odebrecht ainda válido, está claro que o concessionário precisa ter contrato assinado com dois clubes para ser válido. Neste momento, apenas o Fluminense Football Club detém contrato de longo prazo, já que o vínculo com o Flamengo encerra-se no dia 31 deste mês. É válido destacar também que a Lagardère e a BWA não possuem capacidade de cumprir o item do edital que trata do capital mínimo exigido do concessionário.

Até o momento não foi apresentado o estudo da Fundação Getúlio Vargas encomendado pelo Governo do Estado sobre o esperado reequilíbrio financeiro após a decisão de impedir as obras no entorno do complexo.

Neste cenário de indefinição não há como tornar o processo transparente, mostrando qual a contrapartida que deverá ser oferecida ao Estado e, consequentemente, ao contribuinte.

Hoje exemplo de transparência e de credibilidade reconhecido por todos, o Flamengo se recusa a firmar um compromisso de longo prazo com entidades que no passado e em tratativas recentes não apresentaram comportamento compatível com os princípios e valores adotados pelo clube.

Ao contrário do que a empresa francesa Lagardère diz, a Arena Castelão e a Arena Independência, locais administrados pela LU Arenas, apresentam uma série de problemas. Além de críticas pelo mau estado de conservação, a sócia BWA é acusada pelo América-MG de não repassar há 10 meses o percentual ao clube e ao Governo de Minas Gerais das receitas do estádio. Em 2014, o Governo do Estado do Ceará suspendeu a concessão devido “à existência de deficiências graves na organização da Concessionária Arena Castelão Operadora de Estádio S.A., afetando o regular desenvolvimento das atividades abrangidas pela Concessão, e causando inclusive risco à segurança de pessoas e bens e considerando que o Poder Concedente deve adotar medidas acautelatórias para assegurar a continuidade da prestação dos serviços públicos, de forma adequada e eficiente”, conforme decreto 31.625 publicado no Diário da União em 21 de novembro daquele ano.

Assim que iniciaram as especulações sobre o destino do Maracanã, a Lagardère procurou o Flamengo para negociar uma possível parceria. No entanto, ao perceber que o Flamengo fazia questão de ter controle sobre as arrecadações dos jogos de futebol e sobre seu programa de sócio torcedor, iniciou tratativas paralelas totalmente à nossa revelia, com o objetivo de assumir a concessão do estádio e de forçar a contratação do Flamengo, certamente em condições lesivas aos nossos interesses.

O Flamengo reitera que não jogará no Maracanã caso o estádio venha a ser gerido por entidades hostis ao clube e incompatíveis com nossos princípios. Como informado anteriormente, o Flamengo acredita que uma nova licitação é o melhor caminho para a gestão do Maracanã, embora admita a hipótese de firmar uma parceria com os novos concessionários no caso de transferência, caso a negociação se dê com empresas idôneas e num processo transparente e republicano.

Caso estes aspectos fundamentais não sejam atendidos, o Flamengo não jogará no Maracanã. A partir de 2017, teremos à disposição o estádio em parceria com a Portuguesa da Ilha e todas as arenas Brasil afora que tão bem têm nos recebido. Lá poderemos mandar as nossas partidas em todas as competições, até que consigamos uma solução definitiva no Rio de Janeiro à altura da grandeza do clube e de sua torcida.

Nossa torcida, inegavelmente o nosso maior patrimônio, certamente estará do nosso lado, consciente de que eventuais sacrifícios poderão ser necessários para que ela e o Flamengo voltem a ser respeitados.