Cotidiano

Faltam intérpretes em órgãos públicos

Já pensou ir ao médico e não conseguir conversar com ele sobre sua saúde? Não explicar o que sente e tampouco entender seu diagnóstico? É isso o que acontece com os pacientes surdos que procuram uma unidade básica de saúde em Cascavel. Sem intérprete de Libras (Língua Brasileira de Sinais) nesses espaços, eles saem de lá sem solução para o problema.

Essa falta de acessibilidade em órgãos públicos que interfere diretamente na qualidade de vida dessas pessoas faz a Surdovel (Associação dos Surdos de Cascavel) protestar hoje, às 14h, em frente à prefeitura.

Conforme o diretor social e cultural da Associação, Júlio Souza, a falta de atenção do poder público diante desse e de inúmeros outros problemas de acessibilidade vão contra o que rege a legislação: “Como é que um médico vai atender um surdo se não há intérprete de Libras na unidade? Vamos fazer uma manifestação pacífica para garantir os nossos direitos”.

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No ensino superior

O problema da falta de intérpretes de Libras não se restringe à esfera pública municipal. É lá no ensino superior, onde profissionais buscam qualificação para o mercado de trabalho, que o descaso se deu por quase uma década nos corredores da Unioeste.

Foi preciso uma ordem judicial para que a instituição contratasse em julho deste ano sete técnicos administrativos para suprir essa carência.

Enquanto as contratações não ocorriam, acadêmicos surdos permaneciam sem aula ou, na tentativa de acompanhar os demais alunos, tinham o entendimento do conteúdo comprometido.

Os novos profissionais possuem contrato de um ano, prorrogável pelo mesmo período. A preocupação nesse caso é quando se encerrarem os contratos, já que o cargo não é garantido em concurso público, outra reivindicação antiga da Surdovel.