Agronegócio

Estiagem X milho safrinha: Produtores estimam perda de 40% e acionam seguro para áreas perdidas

Seab reluta em passar boletim das perdas, alegando que o desenvolvimento tem sido diferente em todas as regiões

Milho Safrinha - Foto: Fábio Donegá

Reportagem: Cláudia Neis

Nova Santa Rosa – A falta de chuva nos quatro primeiros meses de 2020, um dos mais secos da história do oeste do Paraná, já faz produtores rurais contabilizarem quebras nas lavouras do milho segunda safra. Em Nova Santa Rosa, o agricultor Ademar Bloch, que tem 67 alqueires da cultura, estima perda da produtividade em uma área e na outra já programa o acionamento do seguro rural. “Tem uma área de seis alqueires, plantados no dia 15 de janeiro, onde já morreu todo o milho. O engenheiro agrônomo que faz assistência na lavoura me disse pra encaminhar o seguro porque não há o que salvar. Já o restante, que foi plantado no dia 15 de fevereiro, estimamos uma perda de produtividade de 40%. Aqui, na região, tivemos bem menos chuvas do que em Toledo e Cascavel, por exemplo. O milho sofreu muito e o desenvolvimento foi bastante prejudicado”, conta o produtor.

Ele espera agora que o tempo colabore com chuvas mais regulares para que as outras etapas do desenvolvimento ocorram da melhor forma e não aumentem o prejuízo. “É uma pena, porque o preço está muito bom, mais de R$ 40 a saca, e teremos essa quebra. Esperamos que volte a chover e que o frio e a geada também não venham tão cedo, senão, podemos perder ainda mais. Nessa área em que a planta morreu pretendo agilizar a perícia do seguro e ainda plantar trigo para tentar compensar pelo menos um pouco da perda”, acrescenta.

Cascavel

Já na região de Cascavel, a quebra estimada pelos produtores é menor, pois o registro de chuvas, ainda que abaixo do ideal, pode ajudar a recuperar as plantas que ainda não chegaram à fase crucial de desenvolvimento.

O engenheiro agrônomo Eudes Edimar Capelleto estima que, na lavoura localizada na região sul de Cascavel, a perda seja de 10 a 15% de produtividade. “A nossa região ainda registrou mais chuvas que as outras, na minha propriedade foram 50 milímetros na semana passada e 30 nessa segunda-feira (13), então isso ajudou muito para a planta dar uma recuperada nas forças, mas o período em que ficou seco já prejudicou no desenvolvimento das espigas, que estão bem menores que as que tivemos no ano passado, por exemplo. Algumas lavouras que ainda não estão em fase de floração podem se recuperar com a normalização das chuvas, mas as que formaram a espiga não há como, a formação acontece entre 40 e 45 dias após o plantio, se a estiagem atingiu esse período, não há recuperação. O que podemos agora é torcer para continuar chovendo e não gear até o fim de maio na região, pois, se isso acontecer, o estrago causado na produção seria muito grande”, antecipa.

Ele ainda afirma que as perdas nas lavouras poderiam ser maiores caso o plantio e a colheita da soja não tivessem sofrido atraso, o que atrasou o plantio do milho. “Se tivéssemos plantado antes do período, a quebra poderia ser ainda maior, pois a estiagem teria atingido as lavouras exatamente no período crucial para a formação da espiga”, explica.

Paraná

De acordo com o analista de milho do Deral (Departamento de Economia Rural), Edmar Gervásio, ainda é cedo para estimar perdas no Estado do Paraná. “Ainda não há como estimar as perdas gerais, uma vez que as lavouras tiveram a semeadura em datas diferentes, e a chuva também não foi registrada em todas as regiões, o que deixa a situação muito particular em cada localidade. Além disso, têm sido registradas pancadas significativas em alguns municípios, o que pode ajudar na recuperação da planta dependendo do estágio em que se encontram. É preciso aguardar pelo menos até o fim do mês de abril para se ter um panorama mais real da situação”, afirma Edmar.

 

Qualidade das lavouras

No Paraná, 100% da área de milho safrinha já foi plantada; 79% das lavouras têm condição considerada boa; 18% média e 3% em condição ruim.

As fases em que se encontram as lavouras estão divididas em: 72% em desenvolvimento vegetativo; 22% em fase de floração; 6% em fase de frutificação. Ainda não há área em fase de maturação.

Previsão de chuva

De acordo com o Simepar (Sistema Meteorológico do Paraná), para os próximos 13 dias não há previsão de chuva para a região de Cascavel. As temperaturas devem sofrer baixas nesta quarta e quinta-feira (16), variando entre 7º e 20ºC. Logo após devem sofrer nova alta e variar entre 15º e 27ºC.