Opinião

EDITORIAL: Os penduricalhos públicos

O Brasil levou anos até conseguir tirar o auxílio-moradia dos juízes, benefício que havia sido concedido para compensar a falta de reajuste salarial. Os salários subiram 16% e o auxílio “caiu”. Pelo menos por enquanto, porque uma boa parte dos beneficiários se articula para tentar resgatar a “ajuda de custo” de mais de R$ 4 mil por mês.

Por si só, o efeito cascata do aumento dos salários de R$ 33 mil para R$ 39 mil já começa a assombrar. Só na Assembleia Legislativa do Paraná a medida vai elevar os salários dos deputados de R$ 25.322,25 para R$ 29.469,75 mensais, com impacto de R$ 3 milhões a mais por ano nos cofres públicos paranaenses.

Mas a conta promete ser mais salgada. É que, a exemplo do Tribunal de Contas do Estado, a Alep decidiu criar um auxílio-saúde aos servidores da Casa. Pela proposta, os valores a serem pagos aos funcionários do Legislativo irão variar entre R$ 353,99 mensais a R$ 1.297,19, conforme a faixa etária. A mordomia vai custar cerca de R$ 2 milhões mensais, ou exatos R$ 24.216.235,56 por ano. No TCE os “penduricalhos” vão custar R$ 15 milhões por ano.

Quem vai pagar a conta? O já surrado contribuinte. Que, por sinal, foi responsável por mais um recorde tributário. Neste ano, já pagou mais de R$ 2,19 trilhões em impostos, valor 3% maior que o do ano passado, que teve a maior carga tributária dos últimos quatro anos.

É o eterno descaso com o povo brasileiro que, nessas horas, fica difícil de esconder o desânimo e alimentar a esperança de que dias melhores virão. Virão, mas não para o trabalhador comum.