Saúde

Diabetes crescem 24% em dez anos

De 2008 a 2018 o diagnóstico do diabetes cresceu 24% entre brasileiros com 18 anos ou mais

Foto:Divulgação
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Pesquisa do Ministério da Saúde em parceria com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) mostra que de 2008 a 2018 o diagnóstico do diabetes cresceu 24% entre brasileiros com 18 anos ou mais. Passou de 6,2% para 7,7%. Entre mulheres é maior. Atinge 8,1% da população feminina, contra 7,1% dos homens. O envelhecimento aumenta a prevalência. Dos 45 aos 54 anos é de quase 10%, índice que salta para 23% aos 65 anos ou mais.

De acordo com o oftalmologista Leôncio Queiroz Neto, do Instituto Penido Burnier, a doença pode aumentar em até 25 vezes o risco de perda definitiva da visão. A boa notícia é que 88,7% dos diabéticos no País fazem tratamento medicamentoso para controlar a doença, segundo a pesquisa.

A má é que um levantamento realizado por Queiroz Neto mostra que 47% dos brasileiros entre 25 e 65 anos só consultam um oftalmologista quando sentem alguma dificuldade para enxergar.

A maioria das doenças oculares não apresenta sintomas logo no início: “A hiperglicemia predispõe a alterações na retina. Por isso, requer diagnóstico precoce para manter a visão. A falta de acompanhamento oftalmológico regular faz mais da metade dos diabéticos correr o risco de cegar”, pondera.

Catarata

O médico explica que os depósitos de glicemia nas paredes do cristalino, lente interna do olho, somados às oscilações glicêmicas, comuns entre diabéticos, aumentam a formação de radicais livres, aquelas moléculas que em excesso danificam nossas células. Por isso, o diabetes dobra o risco de contrair catarata, afirma.

Apontada pela OMS (Organização Mundial da Saúde) como a maior causa de cegueira tratável no mundo, a catarata responde por 49% dos casos de perda da visão entre brasileiros. Geralmente está associada ao envelhecimento e quanto mais avança maior a dificuldade de enxergar, até a completa cegueira. O único tratamento é a cirurgia.

A operação substitui o cristalino opaco por uma lente intraocular transparente. Deve ser feita antes da completa opacificação do cristalino, especialmente entre diabéticos. “Se a doença estiver muito avançada o oftalmologista não consegue enxergar as alterações na retina. Para quem tem diabetes isso pode significar a perda permanente da visão”, alerta.

Olho seco

O oftalmologista Leôncio Queiroz Neto afirma que o diabetes também provoca o maior ressecamento da lágrima, que tem a função de proteger a superfície dos olhos. Os sintomas são vermelhidão, ardência, visão embaçada, coceira e maior sensibilidade à luz. A síndrome é mais frequente nos períodos de seca.

O tratamento padrão para olho seco é o uso de colírio lubrificante. Mas não vale usar qualquer um porque as fórmulas variam para agir em uma ou mais camadas da lágrima: aquosa, proteica e lipídica.

A dica do médico é procurar beber bastante água e incluir na alimentação fontes de ômega 3 encontrado na sardinha, bacalhau, salmão e semente de linhaça. Aplicações de luz pulsada que estimulam a produção da camada lipídica e por isso diminuem a evaporação da lágrima, são a última palavra para eliminar o desconforto, conclui.

Retinopatia diabética atinge 40% dos brasileiros

Diabetes tipo 2 será a próxima epidemia global – é o que consideram os especialistas. Para se ter uma ideia, segundo o Ministério da Saúde, entre 2006 e 2016, os casos da doença aumentaram em 61,8% no Brasil. No mundo, já são mais de 387 milhões de diabéticos, e a expectativa é que esse número aumente em 150%.

A diabetes é uma doença crônica, que aumenta as taxas de açúcar no sangue e pode levar a complicações graves, quando não controlada. Uma dessas complicações é a retinopatia diabética, considerada a maior causa de cegueira de pessoas jovens em todo o mundo.

Dados da Sociedade Brasileira da Diabetes de 2018 mostram que 40% dos pacientes que têm diabetes podem desenvolver a doença, uma vez que a maioria não sabe sobre os riscos da doença.

Para o médico oftalmologista João Guilherme Oliveira de Moraes, especialista em retina e vítreo e idealizador do Retina do Bem, projeto de combate a retinopatia diabética, além da falta de conhecimento, o grande problema é que a doença é assintomática, o que faz com que muitos casos sejam diagnosticados tarde demais: “A retinopatia diabética é uma doença que não apresenta sintomas específicos e a maioria dos pacientes com diabetes nem sabe desse risco. Por isso, o exame periódico de fundo de olho é tão importante para pacientes diabéticos”, avalia.

Consequências

A retinopatia diabética afeta os vasos sanguíneos do olho e, se não diagnosticada e contida a tempo, ela deposita um material anormal nas paredes dos vasos da retina – fundo do olho -, causando o estreitamento e até o bloqueio dos mesmos, além do enfraquecimento de suas paredes, o que pode causar deformidades chamadas de microaneurismas. São esses microaneurismas que acabam rompendo e levando à hemorragia, o que pode causar a cegueira.

A retinopatia diabética se apresenta de duas formas a exsudativa ou a proliferativa e ambas podem causar perda parcial ou total da visão. “No primeiro caso, a hemorragia e a gordura afetam a mácula, que é a responsável pela visão central, usada para a leitura. Já no segundo caso, acontece a proliferação de novos vasos atípicos, os ‘neovasos’, os quais são extremamente frágeis e também podem causar hemorragia. Além disso, esses ‘neovasos’ podem atingir o interior do olho, podendo causar não só dificuldades de enxergar, como a destruição da retina”, esclarece o especialista.

 

 

 

 

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Principal causa

A principal causa da retinopatia diabética é o diabetes mellitus; é ele que impede o nosso corpo de fazer o uso adequado dos alimentos, principalmente o açúcar, elevando seus níveis na corrente sanguínea.

 

 

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Prevenção

Quanto à prevenção, o médico João Guilherme Oliveira de Moraes lembra que não existem segredos: alimentação adequada, uso dos remédios prescritos, prática de exercícios físicos e consultas periódicas acompanhadas do exame de fundo de olho podem evitar maiores problemas.

Hoje, graças ao avanço da tecnologia, existem tratamentos capazes de interromper a progressão da doença, como a Fotocoagulação por raio laser, que cauteriza as regiões afetadas, evitando o processo de hemorragia. Em alguns casos, porém, pode ser necessária a realização de cirurgia de vitrectomia. “Quanto mais cedo é o diagnóstico, maior é a probabilidade de sucesso no tratamento. Apesar de não existir uma cura para a retinopatia diabética, ela pode ser controlada. Por isso, ter conhecimento sobre o assunto é o primeiro passo para a prevenção”, finaliza Moraes.

 

 

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Mutirão da Diabetes em Curitiba

 

Na capital paranaense, instituições privadas e a APO (Associação Paranaense de Oftalmologia), em parceria com a prefeitura, se uniram para conscientizar a população sobre o problema. O Retina do Bem 2019 e 7º Mutirão Diabetes Curitiba ocorrem no próximo dia 9 de novembro, das 9h às 16h, na Praça Ouvidor Pardinho, em Curitiba.

O evento contará com cerca de 500 voluntários, sendo aproximadamente 60 médicos. É uma realização do Oftalmo Curitiba – Hospital da Visão e do Centro Paranaense de Oftalmologia (CPO).

O principal objetivo do evento é realizar avaliação de fundo de olho em pacientes diabéticos que ainda passaram pelo exame esse ano.

Podem fazer os exames: pessoas com diabetes, encaminhadas ou não pela Secretaria de Saúde de Curitiba, assim como a população em geral que deseja medir o nível da glicemia para saber se tem diabetes.

Para mais informações, acesse os sites oficiais dos eventos www.retinadobem.com.br e www.campanhadiabetescuritiba.com.br.

 

 

JANELA:

A falta de informação é um dos principais fatores de risco da doença