Educação

De motor-foguetes a novas alternativas de energia

Pesquisas têm como foco inovações tecnológicas, atendendo a demandas do próprio setor produtivo

De motor-foguetes a novas alternativas de energia

Pesquisas e estudos realizados por professores e estudantes nas instituições públicas são cruciais para o desenvolvimento de novas ferramentas e tecnologias que buscam resolver problemas concretos da sociedade.

Em Foz do Iguaçu, na Unila (Universidade Federal da Integração Latino-Americana), a inovação tecnológica está cada vez mais presente no meio acadêmico. Os projetos surgem de demandas do próprio setor produtivo ou de organizações sem fins lucrativos do oeste do Paraná, que se aproximam da universidade em busca de alternativas tecnológicas e troca de conhecimentos. “De modo geral, a inovação tecnológica é toda novidade implantada por meio de pesquisa e que aumenta a eficiência de algum processo. Inovação pressupõe que o resultado da pesquisa chegue ao usuário final, gerando desenvolvimento econômico e social”, afirma o professor de Engenharia de Energia da Unila Oswaldo Hideo Ando Júnior.

Primeiro motor-foguete impresso em 3D da América Latina será testado na UNILA

Nos próximos dias, pesquisadores da Unila farão testes no primeiro motor-foguete a propelente líquido impresso em 3D na América Latina. O dispositivo foi modelado pela estudante Isabella Francelino, sob a orientação do professor Oswaldo Barbosa Loureda, como parte de uma atividade da disciplina de Processo de Fabricação, do curso de Engenharia Física da Unila. Depois, a câmara foi impressa na Inglaterra por uma empresa especializada na fabricação de equipamentos, através da impressão 3D.

O equipamento é utilizado, normalmente, para impulsionar foguetes, satélites, mísseis e estações espaciais.

A modelagem do motor-foguete faz parte de uma pesquisa que testa diferentes compostos propelentes, materiais de fabricação e técnicas de sintetização, visando à construção de propulsores de baixo impacto ambiental. Os estudos envolvem várias áreas do conhecimento, como química orgânica, ciência dos materiais, termodinâmica e combustão. O projeto propõe uma forma muito mais barata de fabricação de dispositivos aeroespaciais. “Embora na fase inicial, é uma pesquisa que tem o potencial de colocar o Brasil no seleto grupo de países capazes de colocar satélites em órbitas por meios próprios”, afirma Oswaldo Barbosa Loureda.

Pesquisadores desenvolvem telha solar fotovoltaica

Um grupo de pesquisadores da Unila e da Unioeste trabalha no desenvolvimento de uma telha solar fotovoltaica. O objetivo dos pesquisadores é desenvolver uma telha de baixo custo e que seja capaz de converter a luz solar em energia elétrica e que seja adaptada às condições climáticas da região. O projeto surgiu da demanda de um empresário do ramo de telhas de concreto em Cascavel.

A proposta é desenvolver uma alternativa tecnológica aos sistemas de geração fotovoltaica convencionais de sobreposição ao telhado, desenvolvendo uma telha, de concreto ou polímero, que já possua células fotovoltaicas incorporadas na própria telha. As exigências de durabilidade, proteção e resistência são bastante criteriosas, principalmente porque o produto será usado na Região Sul do Brasil, onde são comuns ocorrências de chuvas, ventos fortes e granizo. A telha será mais leve e terá uma estrutura mais simples do que as já comercializadas.

O projeto está sendo realizado no CDTER (Centro de Desenvolvimento e Difusão Tecnológico em Energias Renováveis), um espaço voltado para a pesquisa e busca de soluções inovadoras que possam auxiliar no desenvolvimento tecnológico sustentável das indústrias do oeste do Paraná. Os estudos para o desenvolvimento da telha fotovoltaica tiveram início em novembro de 2016. Desde então, os professores trabalham na concepção de modelos conceituais que são testados pela empresa de Cascavel para comprovar a viabilidade técnica e industrial do projeto.

Professor desenvolve impressora 3D para aplicações de ensino, pesquisa e extensão.

O professor Aref Kalilo Lima Kzam coordena uma pesquisa que propõe a construção de máquinas impressoras 3D e fresadoras para utilização em atividades de iniciação tecnológica nos mais variados temas, desde as ciências básicas até a inclusão socioambiental. Um dos planos é reproduzir uma maquete em 3D do relevo da região de Foz do Iguaçu.

Construída em parceria com docentes e alunos da área de Geografia, a maquete será feita com embalagens plásticas de etiqueta Pead, um material que pode ser facilmente reciclado a partir da exposição a altas temperaturas.

Para isso, serão desenvolvidas outras ferramentas, como uma máquina trituradora e uma extrusora de plástico reciclado. Após construir as máquinas e montar a maquete, a miniatura será marcada com QR-Code, o que possibilita a reprodução de informações geográficas do território em realidade aumentada por meio de celular ou tablet.

Dentro da mesma pesquisa, ainda há outra iniciativa, com os cursos de Química – Licenciatura e Engenharia Química, que é o desenvolvimento de um plástico biodegradável, feito à base de amido de milho e celulose.


Novos biomateriais poderão ser usados para captação de energia

A nanocelulose é considerada o material do futuro. Por conta de suas características, esse material – produzido a partir de matéria biológica – tem um grande número de aplicações, que vai desde a produção de embalagens sustentáveis até o uso de pele artificial para o tratamento de queimaduras. Na Unila, pesquisas tentam demonstrar que esse biomaterial pode ter mais uma funcionalidade: a captação de energia. A responsável pelos estudos é a pesquisadora Samara Silva de Souza, doutora em Engenharia Química (UFSC) e uma das primeiras pós-doutorandas da Unila.

A responsável pelos estudos é Samara Silva de Souza, doutora em Engenharia Química. “Na Unila nós já estamos produzindo a nanocelulose bacteriana, um dos biomateriais que têm ganhado espaço na pesquisa devido às suas propriedades específicas, como alta resistência mecânica, biodegradabilidade, grande capacidade de retenção de água, elasticidade, durabilidade e flexibilidade de produção. Nosso objetivo é, por meio de novas tecnologias e incorporações de outros componentes, desenvolver novos materiais que possam ter um leque de utilização, como células fotovoltaicas e dispositivos eletrônicos”, explica Samara.


Aproveitamento de resíduos do turismo para o desenvolvimento de casas de interesse social

 

Em 2016 os turistas que visitaram Foz do Iguaçu jogaram no lixo 3 milhões de garrafas PET. O levantamento foi feito pelo professor Walfrido Pippo como parte de uma pesquisa que estuda o reaproveitamento das garrafas PET geradas pela indústria turística e que são descartadas nos aterros sanitários. A proposta é utilizar o material para o desenvolvimento de casas populares.

Conforme o docente, as garrafas PET podem ser usadas como elementos de preenchimento e vedação. “Um cálculo preliminar indica que uma habitação de interesse social, de 43 metros quadrados, das que são financiadas pela Caixa, poderia usar de 30 mil a 40 mil garrafas. O que demonstra que existe a potencialidade de construir 100 habitações de interesse social por ano a partir desse material”, defende Pippo.

 

 

>>>