Saúde

Crise do coronavírus deixou Cidade do Leste à beira de "uma catástrofe econômica", diz prefeito

Empresários começaram a demitir funcionários e colocam em risco 60 mil empregos

Crise do coronavírus deixou Cidade do Leste à beira de "uma catástrofe econômica", diz prefeito

O prefeito de Cidade do Leste, Miguel Prieto, disse ao jornal ABC Color que a cidade está caminhando para uma “catástrofe econômica”, porque pequenos e médios empresários já começaram a despedir seus empregados, pondo em risco 60 mil empregos. E essa “catástrofe” pode ocorrer já dentro de duas semanas.

Prieto disse que está consciente de que não é possível reabrir a Ponte da Amizade, porque muitos paraguaios que retornam do Brasil estão dando positivo para covid-19. Mas lamentou que o governo não promova uma política de auxílio a curto prazo para Cidade do Leste, onde “90% se dedicam ao comércio e dependem do Brasil”.

“Não recebemos nenhuma resposta firme do governo, só nos indicaram que a reabertura da Ponte depende da evolução da pandemia. Sabemos e entendemos que não é o momento de abrirmos ao Brasil, porque muitos vamos nos contagiar”, disse o prefeito.

Mas ele quer mais ajuda do governo, já que a Prefeitura só consegue oferecer aos moradores um auxílio para “aplacar a fome e a necessidade”.

Maioria não quer reabertura

Uma pesquisa feita pelo jornal La Nación entre seus leitores revelou que 88% deles consideram que “não é o momento” de o Paraguai reabrir suas fronteiras; 7% acham que isso deve ser feito, mas “de maneira gradual”; e 5% consideram que devem ser reabertas “porque os comerciantes precisam trabalhar”.

Representantes de vários setores empresariais, trabalhadores do comércio e os prefeitos de Presidente Franco, Cidade do Leste e Hernandarias, lembra o jornal, se uniram para pedir ao governo que reveja sua decisão de manter o fechamento, mas o governo nem sequer prevê uma data para que isso aconteça.

Em documento enviado ao presidente Mario Abdo Benítez, a Câmara de Comércio e Serviços de Cidade do Leste pediu a abertura gradual da fronteira, para evitar o fechamento de empresas que mantêm cerca de 50 mil empregados.

O que dificulta uma decisão do governo paraguaio é justamente a situação da covid-19 no Brasil, que de terça (5) para ontem bateu novo recorde diário de mortes e casos confirmados.

Recorde de casos e mortes no Brasil

Segundo o Ministério da Saúde, foram mais 10.503 pessoas infectadas e 615 novos óbitos. Agora, o País tem 125.218 casos confirmados e 8.536 mortes, além de outras 1.643 em investigação.

É por causa desses números que o ministro da Saúde do Paraguai, Julio Mazzoleni, afirmou aos empresários da fronteira que o governo não tem prazo para a reabertura.

“A situação (no Brasil) não é a mesma que deste lado, a propagação do vírus não se esgotou no Brasil nem atingiu seu pico”, afirmou Mazzoleni.

Na política, Prieto fala em “perseguição”

 

Em outra matéria, o jornal ABC Color noticia que o prefeito de Cidade do Leste, Miguel Prieto, reuniu-se na quarta (6), com senadores de vários partidos, em uma das salas do Congresso Nacional. Ele apresentou os resultados de um ano de sua gestão e disse que está resgatando a cidade da “máfia organizada” que agora age contra sua administração, referindo-se ao clã Zacarías.

A administração de Prieto está sendo investigada pela Controladoria e Promotoria por suposto superfaturamento na compra de máscaras, cestas básicas e perfuração de poços artesianos. As denúncias foram apresentadas pelo vereador Celso Kelembu Miranda, que é aliado dos Zacarías.

Os senadores aliados do prefeito apoiaram a gestão de Prieto e se mostraram interessados em que as denúncias sejam esclarecidas, segundo o ABC Color.

Sobre a denúncia feita por Kelembu, o prefeito disse ao jornal que não o preocupa, porque sua gestão é transparente e já apresentou todos os documentos ao Ministério Público.

Prieto disse que o vereador quer dinheiro para ficar quieto. “Ele (Kelembu) está me chantageando em troca de dinheiro, como estava acostumado a fazer com os outros prefeitos. Ele não vai me obrigar a roubar para cumprir seu capricho. Kelembu está acostumado a que lhe paguem por seu silêncio. Ele está buscando dinheiro e encontrou com quem aliar-se para poder denunciar-me”, afirmou Prieto.

Reportagem: H2FOZ – Cláudio Dalla Benetta