Saúde

Contra covid-19: China começou a vacinar no fim de julho

A aplicação do imunizante testado pela Sinopharm teria recebido aval emergencial do governo, mesmo sem vencer todas as fases de testes.

Contra covid-19: China começou a vacinar no fim de julho

Pequim – O diretor do centro de tecnologia e ciência da Comissão Nacional de Saúde da China anunciou domingo à mídia estatal que o país começou a vacinar profissionais de saúde e trabalhadores que atuam nas fronteiras em 22 de julho contra o novo coronavírus.

A aplicação do imunizante testado pela Sinopharm teria recebido aval emergencial do governo, mesmo sem vencer todas as fases de testes.

A informação foi divulgada duas semanas após a Rússia registrar a primeira vacina contra a covid-19 no mundo, anúncio recebido com ceticismo pela comunidade científica,

Na prática, a informação torna a China vanguardista na corrida por uma vacina, que ganhou contornos de disputa geopolítica entre potências mundiais. Além do país asiático, Rússia e Estados Unidos já se comprometeram com uma fórmula disponível ainda em 2020, o que é avaliado com ressalvas por especialistas. O desenvolvimento de um imunizante pode demorar até dez anos e mesmo as perspectivas de uma vacina eficaz e segura contra o Sars-CoV-2 em 2021 são vistas como otimistas.

Profissionais dos setores de transportes e serviços, incluindo o comércio de alimentos, também serão contemplados. Zheng Zhongwei, diretor da Comissão – equivalente ao Ministério da Saúde no Brasil -, disse à emissora estatal CCTV domingo que a imunização atende às leis chinesas.

Trata-se da primeira utilização de uma vacina desenvolvida contra a covid-19 fora de ensaios clínicos na China, onde o novo coronavírus foi reportado pela primeira vez em dezembro de 2019. Antes, a CanSino, outra companhia chinesa, já vinha testando sua fórmula nas Forças Armadas do país asiático.

Zhongwei, responsável pela divisão de pesquisas sobre vacinas na Comissão Nacional de Saúde, garantiu que o processo atendeu as normas do país e que cada pessoa imunizada manifestou consenso com a aplicação. Além disso, ele afirmou que o governo chinês está monitorando o processo para garantir a segurança e acompanhar possíveis efeitos colaterais.

A intenção, ainda de acordo com o diretor, é ampliar a imunização até o fim do ano.

A vacina da Sinopharm ainda não foi liberada para ensaios clínicos em solo brasileiro. No fim de julho, o governo do Paraná anunciou uma parceria com o laboratório, mas os trabalhos ainda não passaram pelo crivo da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), que analisa os resultados das duas primeiras fases de testes do imunizante para atestar sua segurança.