Saúde

Começa a faltar sedativos para intubação em Cascavel; Ceonc e HU socorrem o Retaguarda

Um novo drama começa a se tornar real na saúde. Os estoques de medicamentos específicos para intubação e manutenção de pacientes em respiradores mecânicos zeraram no Hospital de Retaguarda de Cascavel

Começa a faltar sedativos para intubação em Cascavel; Ceonc e HU socorrem o Retaguarda

Falta de sedativos para intubação vira novo drama para a saúde

 

Nesta semana, Hospital de Retaguarda zerou estoque e emprestou suprimentos para apenas uma semana

Reportagem: Cláudia Neis  

Cascavel – O temor das autoridades médicas que vem sendo noticiado há alguns dias se tornou realidade na última quarta-feira (24) em Cascavel. Os estoques de medicamentos anestésicos e relaxante muscular específicos para intubação e manutenção de pacientes em respiradores mecânicos zeraram no Hospital de Retaguarda de Cascavel.

De acordo com o presidente do Conselho Municipal de Saúde de Cascavel, Elton José Munchen, o Ceonc e o HU (Hospital Universitário) socorreram a unidade. “A situação é muito preocupante, pois os estoques dos hospitais estão baixando rapidamente por conta da grande demanda e os fornecedores não têm o produto, visto que a demanda mundial cresceu muito. São medicamentos utilizados para a intubação e para manter o pacientes intubados, ou seja, não tem como ficar sem. Todos os hospitais já se preocupam, pois até os privados não têm conseguido comprar. Alguns têm estoque, mas sem a perspectiva de compra fica difícil saber como vai ser”, alerta.

Ele destaca que essa ajuda entre as unidades é muito importante para a manutenção dos serviços.

A reportagem apurou que o Ceonc forneceu: 500 ampolas de Fentanil; 1.000 ampolas de Midazolam e 250 ampolas de Propofol. Já o HU forneceu 50 ampolas de Succinilcolina. Essa quantidade deve ser suficiente para suprir as necessidades na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) do Retaguarda por uma semana, dependendo da demanda.

No HU, por conta de um planejamento cuidadoso e da compra realizada pela própria unidade, há estoque para 20 a 30 dias, dependendo da demanda.

De acordo com o diretor-geral do HU, Rafael Muniz de Oliveira, a situação se repete em todos os hospitais.

Além do medicamento, o HU forneceu ainda ao Hospital de Retaguarda materiais associados à ventilação mecânica, como filtros, sistemas de aspiração, que também estão em falta no mercado.

Coforme o diretor-geral do HU, não há previsão de chegada dos medicamentos citados por parte do Estado. A reportagem apurou que o Paraná teria feito uma compra na China e que o pedido estaria a caminho de navio, mas que não há prazo para a chegada.

Sem resposta

Sobre a situação do Hospital de Retaguarda, o secretário de Saúde de Cascavel, Thiago Stefanello, informou que o Consamu (Consórcio Intermunicipal Samu Oeste) faz a gestão da unidade é quem deve responder, pois os processos de compra não passam pelo Município. A reportagem entrou em contato com o Consamu e com a Sesa (Secretaria de Estado da Saúde), mas até o fechamento da edição não havia recebido respostas.

Governadores apelam a Pazuelo por “kit intubação”

 

A falta de medicamentos para intubar pacientes atinge todo o País. Ontem, o coordenador do Fórum Nacional de Governadores, Ibaneis Rocha (Distrito Federal), solicitou ao ministro interino da Saúde, Eduardo Pazuello, a aquisição emergencial do chamado “kit de intubação”, remédios fundamentais para pacientes de covid-19 que necessitam de ventilação mecânica.

Os fármacos estão em estoque baixo ou praticamente zerados em várias unidades da Federação, incluindo Brasília. Entre as substâncias necessárias estão sedativos e bloqueadores neuromusculares, os quais tiveram aumento da demanda em decorrência da pandemia do novo coronavírus.

Segundo ele, os fármacos são importantes “para garantir a capacidade de ação das redes estaduais e distrital de saúde no enfrentamento da pandemia de covid-19”.

Com a dificuldade de acesso aos remédios, Ibaneis sugeriu que o ministro coordene a obtenção emergencial e também a distribuição dos medicamentos, “mediante compra centralizada no mercado nacional ou aquisição, por intermédio da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), no mercado internacional”.

De acordo com o Conass (Conselho Nacional de Secretários de Saúde), pelo menos 13 tentativas recentes para a aquisição dos medicamentos para sedação não tiveram êxito ou terminaram sem ofertas ou com propostas acima do edital. O motivo é a alta procura pelos produtos durante a pandemia.

Resposta da Sesa (Secretaria de Saúde) do Paraná:

A SESA/PR informa que os medicamentos analgésicos, sedativos e bloqueadores neuromusculares utilizados na intubação de pacientes são adquiridos rotineiramente por todos os hospitais para atendimento aos internados em UTI.

A SESA/PR faz aquisição desses medicamentos para atendimento da sua rede própria (14 hospitais). Com a pandemia de COVID-19 houve aumento do consumo desses itens variando de 13% a 500%, a depender do produto.

Esse risco de desabastecimento está ocorrendo em nível nacional em função do aumento expressivo do consumo e da dificuldade de importação de matéria prima para fabricação desses medicamentos no mercado nacional.

Dentre as medidas adotadas estão:
1. Aquisição do quantitativo total previstos nos contratos existentes para atendimento da rede própria estadual;
2. Levantamento dos dados de consumo e estoque dos 48 hospitais do plano de contingência estadual para COVID-19;
3. Consolidação e envio ao CONASS do consumo previsto para atender os 48 hospitais. O CONASS consolidou os dados dos 27 estados e apresentou ao gabinete de crise do Ministério da Saúde para que o mesmo possa executar uma primeira compra centralizadamente e, de forma complementar, buscar junto à OPAS o que não for possível adquirir no mercado nacional;
4. A SESA consolidou os dados de consumo desses hospitais e está buscando junto aos laboratórios nacionais possibilidade de aquisição desses itens para atendimento dessa rede.

A SESA/PR ainda recomenda que os serviços hospitalares avaliem as alternativas terapêuticas de acordo com a disponibilidade do mercado, adaptando seus protocolos de atendimento.

*Resposta da Sesa acrescentada às 13h56.